Como um autômato se dirigiu a uma das lanchonete e pediu qualquer coisa para comer. Após alguns minutos uma garçonete pequenina e ruiva com sardas no rosto, veio trazer a sua frugal refeição. Ainda como um autômato, com muito custo comeu o que lhe fora servido. Incrível mas tudo naquele momento tinha gosto de corrimão de escada, inclusive o café que além meio azedo e ralo, para variar, estava frio.
Após algumas eternidades, finalmente veio o aviso para o embarque. Sem que se desse conta sentia a pulsação acelerada martelando a sua fronte, chegando ao ponto de tremer a pálpebra superior do seu olho esquerdo.
Depois de todos os procedimentos de praxe, malas guardadas, todos em seus assentos, alguns passageiro, veteranos de vôos, já relaxando, alguns com fones de ouvidos, como o do seu lado esquerdo que não satisfeito em ouvir a música, se pôs a cantar, pelo menos era o que achava que estava fazendo, mas na verdade emitia guinchos medonhos, dando a impressão que estava tendo um ataque cardíaco, um espetáculo grotesco.
Não demorou apareceu uma linda aeromoça, com um sorriso terno nos lábios e tratando a todos como retardados, pedindo para que nenhum dos passageiros se ausentava dos seus assentos pois a decolagem estava prestes a se iniciar. A aeronave começou a se deslocar em velocidade lenta, foi até um extremo da pista, fez uma manobra e nesse exato instante as turbinas entraram em rotação máxima. Com o estrondo, acabou se assustando arrancando risos de alguns vizinhos que viram nele um debutante naquele tipo de transporte.
Após o estrondo das turbinas segui-se um arranque vertiginoso e já na cabeceira da pista, aquela forte inclinação que lhe provocou um princípio de enjôo. Com muito esforço, conseguiu conter uma forte erupção do estômago que pretendia como um vulcão despejar toda sorte de lavas pelo ambiente.
Após o susto da decolagem, a coisa se estabilizou. Queria muito até por conta da sua claustrofobia, estar no assento da janela para poder algo, mas infelizmente estava no lado oposto. Mesmo assim com um certo esforço, acabou se controlando. Agora só restava esperar pelo decorrer das intermináveis horas que iria passar dentro daquele claustro. Lembrou-se dos medicamentos que o médico havia lhe receitado para caso de pânico, na verdade era um forte calmamente.
Com o auxílio de uma comissário conseguiu chegar à sua maleta de mão e pegar os comprimidos. Contrariando o que lhe fora receitado, ingeriu um dose acima da recomendada, o que lhe causou uma sonolência muito forte e para sua sorte, passou a maior parte da viagem em sono profundo, parecendo estar num coma induzido.
Com uma certa dificuldade uma das comissárias conseguiu acordá-lo a tempo de recolocar o cinto de segurança, pois já estavam bem próximos da aterrissagem.
Novamente passou por momentos de pânico, pois não sabia dizer qual deles foi pior a decolagem ou aterrissagem. Tinha a nítida impressão que estavam despencando. Foi com um enorme alívio quando sentiu que tudo tinha terminado e os primeiros passageiros já estavam se levantando e pegando os seus pertences. O natural seria que sentisse um enorme alívio por ter chegado incólume ao seu destino, mas com uma fisgada no estômago, lembrou antecipadamente que ainda teria que voltar depois de uma semana e reviver todo esse martírio novamente. Essa sensação esteve ao seu lado em todos os dias em que esteve na cidade Gotham.
Controlou-se afinal ele era da famosa Liga e estava ali para conversar com um colega, pois a sua cruzada contra a corrupção em seu país era algo muito mais importante que os seus temores pessoais...
LC OLIV
LC OLIV