... Após se despedir do seu companheiro, voltou eufórico para o hotel. Logo que chegou tomou um longo e restaurador banho. Em seguida, jogou-se na cama ainda enrolado na toalha e se entregou aos seus devaneios mesclando-os aos fatos da importante missão que o trouxera ali.
De alguma forma tentaria imitar o seu grande mestre na condução de suas ações, mesmo porque tinha que ainda localizar o seu alvo, afinal Londres era uma cidade muito grande e cheia de mistérios para que não a conhecia. Como dispunha de algum tempo para aguardar o retorno do belga do interior, não perderia a oportunidade de andar e esquadrinhar os bairros que tanto desejou um dia conhecer e que hoje estavam ao seu alcance, algo impensável há muito pouco tempo atrás.
Era notável essas surpresas que vinha experimentado nos últimos tempos, o que fez com que se sentisse vivendo o melhor período de sua vida, a ponto de bendizer as suas noites insones. Vestiu-se vagarosamente e algum tempo depois ganhava a rua rumo às suas duas "mecas".
Optou inicialmente por Chelsea, até mesmo porque estava mais próximo de onde se encontrava naquele momento. À medida que caminhava pelas ruas, tinha a sensação de que até o cheiro do ar mudava. Evidentemente que aquele de mistério estava somente na sua cabeça, já que o local tinha ruas normais, todas impecavelmente limpas e com as pessoas indo e vindo num movimento igual ao de todos os lugares.
Ficou impressionado com a importância que os ingleses davam ao verde no cotidiano da cidade. Árvores cuidadosamente podadas e cuidadas, todas muito floridas, apreciadas e e respeitadas, um contraste chocante com as condições que as de seus país recebiam tanto da população quanto do poder público. Após andar algum tempo embevecido com tudo o que via, resolveu entrar em um pub, mesmo não sendo apreciador de bebidas alcoólicas, tinham o desejo de provar a tal cerveja escura, que tantas vezes viu em filmes.
Já no momento foi atendido, notou uma certa animosidade do balconista, ao notar que ele era estrangeiro. Acabou por não se importar, pois já conhecia de algum tempo esse comportamento meio xenófobo dos britânicos. Acompanhando um copo gigantesco, pediu sanduíches de presunto, pois sabia da excelência dessa iguaria, bem diferente da que estava acostumado a consumir.
Algum tempo depois, bastante satisfeito e estufado, ganhou a rua novamente retomando as suas explorações. Poucas quadras depois, avistou uma tabacaria muito atraente. Tinha a fachada de vidro e nas vitrines, uma série infindável de cachimbos de vários formatos e tamanhos. Apesar de não fumar há mais de quinze anos, n~]ao resistiu àquele encanto e entrou na loja. Alguns cliente junto ao balcão conversavam animadamente, alguns deles fumando os seus cachimbos, exalando um odor perfumadíssimo. Uma mescla de aromas onde pode detectar, maçã e pêssego. Acabou comprando um modelo que lhe chamou a atenção. Tinha uma pequena pipa no formato retangular na vertical e a piteira que parecia um S, era móvel e se abraçava na pipa quando não era utilizado. Após a aquisição, sentiu-se compelido a adquirir os apetrechos pertinentes. Uma bolsa de camurça para o fumo e na parte externa uns compartimentos para os instrumentos para revolver o fumo e limpar a pipa. O tabaco veio numa lata verde escura com o texto em marrom. A sua peregrinação continuava de forma agradável e sem que se desse conta o final da tarde já se prenunciava o que o alarmou, pois não tinha a menor vontade de correr o risco de enfrentar o famosíssimo fog londrino, característico dos seus crepúsculos.
Parando numa banca de jornais e revistas, tentou comprar um mapa da cidade a fim de facilitar os seus deslocamentos, não somente os turísticos, mas os investigativos. Sentiu-se envergonhado pela incredulidade do seu interlocutor quando lhe informou que essas coisas podiam ser muito melhor obtidas em computadores e que os tais guias impressos, a muito já não existiam, já que eram coisas do passado.
De volta ao Q.G., resolvera que faria a sua refeição noturna no Abbey Road, lembrando-se do feliz encontro com o capitão pela manhã, que a essas alturas já devia estar no interior na mansão do ministro acompanhado o grande detetive em mais uma missão de importância nacional...
LC OLIV