...os dias que seguiram foram uma rotina. Após a refeição matinal, saia em suas explorações que foram aumentando os limites geográficos. Agora já não se contentava somente com Chelsea e o Soho, queria muito mais.
Para sua satisfação, as descobertas eram infindáveis. A velha Londres era uma sucessão de surpresas. Aquilo era um mundo à parte dentro do mundo. Respirava por cada canto que passava, mistérios, lendas, encantamentos, muita magia e agora se dava conta da riqueza da arquitetura que de uma certa forma, contava a história daquele lugar mágico ao longo dos séculos. Os monumentos alusivos a fatos históricos e aos seus heróis nacionais e tudo sob a proteção de São Jorge.
Em alguns momentos chegava a ter a impressão que tinha ingerido alguns dos seus comprimidos encantados, pois era nítida a sensação de que estava numa grande viagem de retorno ao passado. Já tinha se sentido assim, mas foi em Roma, outra cidade em que se vivia no presente, os depoimentos do passado distante, através de seus monumentos, praças e edifícios.
Numa dessas manhãs a caminho do Abbey Road, assim que entrou foi tomado de uma agradável surpresa. Instalado ao fundo do restaurante estava o seu amigo capitão Hastings, iniciando o seu desjejum. Este ao vê-lo, foi tomado de uma grande e efusiva alegria. Os seguidos apertos de mão, eram o máximo que um inglês se permitia para demonstrações de carinho e apreço.
Assim que o garçom chegou, repetiu o mesmo pedido do capitão com exceção dos rins que por sinal abominava.
Enquanto comiam, quis saber dos resultados da missão onde estiveram envolvidos.
Estiveram esses dias numa mansão no interior do ministro, onde convidados foram discretamente observados e investigados pelo habilíssimo detetive belga. Para desespero dos presente e principalmente do ministro, a julgar pela sua impassividade, Poirot mais parecia estar ali para desfrutar as belezas do lugar e se deliciar com as iguarias que eram servidas.
Ficou se imaginando no lugar, desfrutar daquelas salas de estar, os salões de refeições com toda aquela pompa e finalmente sentir o clima das maravilhosas bibliotecas inglesas,com suas estantes enormes, lareira acesa, e escrivaninhas de madeira de lei ricamente entalhadas.
Uma semana após a chegada dos convidados, uma noite após o jantar e a pedido do pequenino e elegante belga, o café e as bebidas foram servidos na biblioteca da mansão. A inesperada reunião criou nos presentes um clima de tensão pelo que poderia vir. Discreta e dissimuladamente, todos se entreolhavam com desconfiança.
Assumindo o comando do momento, com muitas mesuras e palavras previamente selecionadas, Poirot com brilhantismo, fez um breve histórico dos fatos e os motivos pelos quais estavam ali reunidos. Todos se sentiam meio desconfortáveis, mesmo não sendo os suspeitos, dado ao clima do momento. No ar além do mistério, alguns aromas se misturavam, como os das bebidas,charutos e cachimbos, tudo embalado pelo calor agradável proveniente da lareira que crepitava.
Após a teatral apresentação, o hábil detetive foi passando aos presentes o resultado de suas investigações e acabou de forma meio teatral por revelar os traidores que estavam vazando documentos secretos do ministério para estrangeiros interessados na desestabilização do gabinete que acabava de assumir o comando dos destinos do país.
A coisa se deu de forma tão rápida que os culpados mal puderam esboçar qualquer reação e foram prontamente detidos por um inspetor da Yard, especialmente designado como convidado, para acompanhar o caso a pedido do ministro. Após esse breve e instigante relato, finalmente poderia aceitar formalmente o convite de Poirot para um jantar em sua residência.
Custava a crer que uma coisa dessa natureza estivesse para acontecer nos próximos dias e com essa sensação de irrealidade, retornou para o seu hotel. A ideia de entrar no Charterhouse Square era algo inconcebível, mas era uma questão de tempo e essa espera que antecedia o seu grande momento, produzia nele descargas elétricas de altíssimas intensidades...
LC OLIV
terça-feira, 13 de agosto de 2019
quinta-feira, 1 de agosto de 2019
... De volta ao seu hotel, foi informado na recepção que tinha sido procurado por duas pessoas que não quiseram se identificar e tão pouco deixaram qualquer tipo de recado. O funcionário, que por sinal além de muito educado, tinha tido a presença de espirito de captar um fragmento da conversa dos visitantes, o que o deixou em estado de alerta.
Referiam-se ao fato de estarem à sua procura desde que chegara a Londres e ainda não tinham não tinham obtido nada e agora sabendo onde estava hospedado, as chances de interceptá-lo tinham aumentado. Comentaram que a pessoa que os tinha contratado, manifestara de forma enfática, a necessidade da sua localização, para posteriores orientações do que deveriam fazer com ele.
Ainda por sugestão do eficiente funcionário, tratou de preparar a sua bagagem, para então rapidamente trocar o local de sua hospedagem, a fim de driblar os seus perseguidores.
Foi nesse momento que lembrou das alusões do capitão Hastings, durante o almoço, sobre o não menos célebre Inspetor Japp da Yard, que em virtude do momento e dada à natureza de sua visita, poderia ser de grande valia com a ajuda oficial, tanto no sentido de sua proteção pessoal, como na localização do perigoso senador. Já no quarto, tratou de embalar todos o seus pertences rapidamente, já que o quanto antes se mudasse, melhor seria para a sua segurança.
Ainda por precaução, evitou comentar ou pedir alguma sugestão para onde ir. Não demorou muito e conseguiu achar um local que atendesse as suas necessidades. Depois de instalado, procu
gerou a segurança do Abbey Road para a sua refeição noturna.
Instalou-se em uma mesa bem no fundo do restaurante, de forma a ter o controle visual de toda a movimentação, inclusive das pessoas que entravam. Após pedir a sua refeição, repassou todos os acontecimentos recentes e concluiu que toda a sua viagem estava sendo monitorado desde que saira do Brasil. Com essa constatação, sentiu um ligeiro arrepio, pois correra riscos todo esse tempo sem sequer ter consciência.
Por outro lado, também convenceu-se que o seu alvo continuava na cidade, mesmo assim a tarefa de encontrá-lo, representava um grande e complexo desafio. Não demorou muito e o seu jantar chegou, a julgar pela aparência deveria estar saboroso. Gostava do som ambiente, uma agradável mistura de vozes, talheres batendo nas louças, e as vezes estampidos de rolhas . dos apetitosos vinhos.
Depois de duas generosas taças de um chianti amadeirado, foi tomado por um aconchegante torpor, chegando a bocejar preguiçosamente várias vezes. Sabia que não se podia permitir tal luxo, pois estar alerta era uma questão vital para ele. A um chamado seu, o garçom trouxe-lhe a conta. Ao sair, ainda na calçada, foi colhido por uma lufada de vento carregado pelo aroma de flores dos arbustos que formavam uma graciosa aleia ao longo da rua.
Andou por cerca de meia hora sem obedecer a um roteiro. Acabou desembocando numa simpática ruela, com edificações em estilo vitoriano, o que lhe agradou profundamente. Já no meio de uma quadra, divisou uma tabacaria. Esta tinha uma ampla vitrine onde se via toda sorte de produtos, desde de cigarros de variadas marcas,, inclusive estrangeiros principalmente os charutos que contavam com os lendários cubanos. A proximidade da loja permitiu-lhe sentir os aromas, principalmente dos cachimbos. Já no seu interior, foi atendido por um senhor extremamente polido que lhe sugeriu várias marcas de fumos, com aromas bastante exóticos, sem contar os cachimbos que tinham desenhos muito variados. Acabou se encantando com um de tamanho pequeno cujo formato ele mesmo chamava de estilo Sherlock.
Ainda enquanto conversava com o solícito senhor, vislumbrou pela vitrine, duas figuras um tanto estranhas, que procuravam enxergar o interior da loja. Pressentindo serem os seus perseguidores, pagou rapidamente a sua compra e acabou saindo por uma pequena porta nos fundos. Assim que ganhou a calçada, contornou o prédio da loja e postou-se meio escondido e pode observar os dois meios aturdidos saírem às pressas, olhando em todas as direções a fim de localizá-lo.
Aliviado com o logro que impusera aos dois, dirigiu-se rapidamente para a segurança do seu hotel...
LC OLIV
Referiam-se ao fato de estarem à sua procura desde que chegara a Londres e ainda não tinham não tinham obtido nada e agora sabendo onde estava hospedado, as chances de interceptá-lo tinham aumentado. Comentaram que a pessoa que os tinha contratado, manifestara de forma enfática, a necessidade da sua localização, para posteriores orientações do que deveriam fazer com ele.
Ainda por sugestão do eficiente funcionário, tratou de preparar a sua bagagem, para então rapidamente trocar o local de sua hospedagem, a fim de driblar os seus perseguidores.
Foi nesse momento que lembrou das alusões do capitão Hastings, durante o almoço, sobre o não menos célebre Inspetor Japp da Yard, que em virtude do momento e dada à natureza de sua visita, poderia ser de grande valia com a ajuda oficial, tanto no sentido de sua proteção pessoal, como na localização do perigoso senador. Já no quarto, tratou de embalar todos o seus pertences rapidamente, já que o quanto antes se mudasse, melhor seria para a sua segurança.
Ainda por precaução, evitou comentar ou pedir alguma sugestão para onde ir. Não demorou muito e conseguiu achar um local que atendesse as suas necessidades. Depois de instalado, procu
gerou a segurança do Abbey Road para a sua refeição noturna.
Instalou-se em uma mesa bem no fundo do restaurante, de forma a ter o controle visual de toda a movimentação, inclusive das pessoas que entravam. Após pedir a sua refeição, repassou todos os acontecimentos recentes e concluiu que toda a sua viagem estava sendo monitorado desde que saira do Brasil. Com essa constatação, sentiu um ligeiro arrepio, pois correra riscos todo esse tempo sem sequer ter consciência.
Por outro lado, também convenceu-se que o seu alvo continuava na cidade, mesmo assim a tarefa de encontrá-lo, representava um grande e complexo desafio. Não demorou muito e o seu jantar chegou, a julgar pela aparência deveria estar saboroso. Gostava do som ambiente, uma agradável mistura de vozes, talheres batendo nas louças, e as vezes estampidos de rolhas . dos apetitosos vinhos.
Depois de duas generosas taças de um chianti amadeirado, foi tomado por um aconchegante torpor, chegando a bocejar preguiçosamente várias vezes. Sabia que não se podia permitir tal luxo, pois estar alerta era uma questão vital para ele. A um chamado seu, o garçom trouxe-lhe a conta. Ao sair, ainda na calçada, foi colhido por uma lufada de vento carregado pelo aroma de flores dos arbustos que formavam uma graciosa aleia ao longo da rua.
Andou por cerca de meia hora sem obedecer a um roteiro. Acabou desembocando numa simpática ruela, com edificações em estilo vitoriano, o que lhe agradou profundamente. Já no meio de uma quadra, divisou uma tabacaria. Esta tinha uma ampla vitrine onde se via toda sorte de produtos, desde de cigarros de variadas marcas,, inclusive estrangeiros principalmente os charutos que contavam com os lendários cubanos. A proximidade da loja permitiu-lhe sentir os aromas, principalmente dos cachimbos. Já no seu interior, foi atendido por um senhor extremamente polido que lhe sugeriu várias marcas de fumos, com aromas bastante exóticos, sem contar os cachimbos que tinham desenhos muito variados. Acabou se encantando com um de tamanho pequeno cujo formato ele mesmo chamava de estilo Sherlock.
Ainda enquanto conversava com o solícito senhor, vislumbrou pela vitrine, duas figuras um tanto estranhas, que procuravam enxergar o interior da loja. Pressentindo serem os seus perseguidores, pagou rapidamente a sua compra e acabou saindo por uma pequena porta nos fundos. Assim que ganhou a calçada, contornou o prédio da loja e postou-se meio escondido e pode observar os dois meios aturdidos saírem às pressas, olhando em todas as direções a fim de localizá-lo.
Aliviado com o logro que impusera aos dois, dirigiu-se rapidamente para a segurança do seu hotel...
LC OLIV
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