... Após a voz de prisão, a dupla reagiu de forma serena não esboçando qualquer tipo de reação, dando a entender de que já esperava por esse desfecho, provando com isso, estarem ambos a par das investigações empreendidas pela PJ parisiense.
Discretamente foram conduzidos para fora do estabelecimento, sem que nenhum dos frequentadores notasse nada de anormal. Junto à calçada, embarcaram em um dos carros da PJ, daqueles utilizados em missões mais delicadas, sem a identificação tradicional. Além do motorista, um dos mais experientes em serviço, foram escoltados no banco traseiro por um corpulento policial que com a sua presença desencorajava qualquer tentativa de fuga.
A chegada ao Quai foi rápida de forma a evitar qualquer tipo de contratempo. No gabinete do comissário, todos os aguardavam com uma certa ansiedade. Os inspetores como era de se esperar, sentiram-se um tanto frustrados, pois se viram alijados na intenção de acompanharem os desdobramentos.
Já instalados em suas salas puderam observar à distância a chegada do pessoal da Interpol para acompanhar passo a passo todos os desdobramentos dos interrogatórios e a formalização da prisão da dupla, bem como dos procedimentos burocráticos para a transferência da custódia para a força policial internacional.
Poirot, Hastings e Eice, eram observadores privilegiados que mesmo sem tomar parte em nada nesse momento, sentiam-se recompensados pelo rumo das coisas, pois sem a participação deles, nada teria sido possível.
Uma vez formalizada toda a rotina, os presos foram oficialmente entregues para as autoridades policiais competentes, a fim de serem transferidos para Londres, local de onde tinha iniciado todo o processo investigativo através da Scotland Yard.
Era possível se imaginar a ansiedade em que deveria se encontrar o inspetor chefe Japp, que a contragosto se viu forçado acompanhar tudo a distância. Nesses dias foi praticamente impossível conversar com ele em seu gabinete, o seu mau humor característico estava ainda maior.
A notícia da prisão em Paris chegou ao seu conhecimento pouco tempo depois. Tentou sem sucesso conter o ímpeto no sentido de inteirar-se dos detalhes sobre tudo que estava acontecendo no outro lado do canal. A sua excitação cresceu ainda mais quando soube que todos viriam para Londres, uma vez que fora ali no quartel da Yard que toda a incursão se iniciara.
Junto com a boa nova, a informação de que embarcariam no primeiro transporte que se adequasse às necessidades do pequeno grupo e isso representava para o inspetor chefe, uma noite praticamente insone, onde certamente consultaria incansavelmente o relógio. A tortura na verdade já se tinha se iniciado, pois passava um quarto das 10 horas da manhã. O seu gabinete certamente seria um lugar a ser evitado naquele arrastado e angustiante dia.
Finalmente pouco depois das nove horas, uma pequena embarcação partiu em direção a Londres. Apesar do pequeno porte, vinha fortemente protegida pela força policial encarregada da transição entre os dois países. A pequena viagem durou em torno de trinta e cinco minutos e transcorreu tranquila.
Assim que atracaram, foram recebidos por um pequeno grupo capitaneados pelo inspetor chefe Japp, que não conseguia dissimular a sua euforia. pouco depois, um comboio de cerca de cinco carros totalmente descaracterizados, seguiu rapidamente para o quartel central da Yard.
À chegada conseguiram com alguma dificuldade, se desvencilhar de uns poucos repórteres que tentaram sem sucesso, obter maiores informações sobre a prisão de um político de um país remoto em algum ponto da América do Sul.
Os trâmites burocráticos tomaram o restante do dia, ficando para a manhã seguinte o embarque para o país de origem, onde segundo se sabia, eram aguardados em meio a uma grande expectativa popular...
LC OLIV