Discussões humanistas já não tem mais tanta importância. O surgimento de novos paradigmas reescrevendo os conceitos e a importância dos valores sociais. Em alguns aspectos o homem deixando de ser o centro das atividades para ceder espaço para as novas tecnologias que passam a exercer um papel acima do devido.
Além dessas alarmantes observações, ainda segundo a sua análise, outras consequências preocupantes.
O consumo endêmico e crescente de drogas, que já há muito deixou de ser um vício tipicamente de jovens, chegando a ponto de se disseminar em praticamente todas as camadas sociais, independente de faixa etária, gerando como produto final algo estarrecedor, um contigente de alienados.
Envolto nesses pensamentos, Eice se prepara para empreender uma nova viagem no tempo, para uma parte do palco destes funestos acontecimentos.
Está análise também permitiu mais uma constatação não menos devastadora.
Como essa geração de jovens caminhou na direção de uma alienação total, ela arrasta atrás de si as gerações seguintes, trazendo também essa falta de interação com a realidade cotidiana, como um padrão a ser seguido.
De alguma forma, fica em Eice a impressão que esse estado de coisas tem uma intenção previamente planejada, observando-se as manipulações iniciadas nessa fase e os rumos decorrentes dessa nova ordem.
Nesta viagem ele será um mero observador, sem nenhuma caracterização "heróica", coletando fatos que mais tarde passarão por um ordenamento que lhe permitirá um entendimento mais preciso e amplo, sobre um período do qual fez parte, inclusive como uma formiguinha que gostava de participar ativamente dos protestos de rua, apesar dos seus dezesseis anos de idade.
Passados pouco mais de quarenta anos e vendo o rumo que esses movimentos tomaram e analisando e situação caótica pela qual o país passa, Eice voltou àquele pensamento que tanto o incomodava, não só pela condição de vida das pessoas, mas principalmente pela forma pouco escrupulosa a que eram expostas.
Na realidade todos os envolvidos nos confrontos ideológicos da época e que tinham como origem, ações devidamente planejadas em instãncias muito superiores, remontando aos protagonistas maiores do grande embate do século, a Guerra Fria, onde dois blocos dominadores se degladiavam pela posse do mundo.
Por mais que detestasse essa comparação, ela era indefectível e surgia toda vez que empreendia uma análise comportamental.
Era uma triste constatação, mas a humanidade e isso era provado através de fatos, era composta de uma grande maioria de pessoas classificadas como "emocionais", devidamente irmanadas com os chamados "operacionais", manipuladas por uma parcela ínfima de "racionais" que os estimulavam e os direcionavam segundo os seus próprios interesses...
LC OLIV