terça-feira, 21 de março de 2017

... Saber por onde deveria inciar a sua cruzada, foi uma decisão que lhe demandou algum tempo, principalmente porque em qualquer instância que se olhasse, a rapinagem se fazia presente e com toques de um cinismo enorme. Os cuidados iniciais cada vez que se lesava algum interesse público eram muitos, mas com o passar do tempo , vendo que nada acontecia, os receios foram aos poucos sendo deixados de lado. Contavam com "aliados" em quase todas as instâncias do poder público, o que de uma certa forma gerava uma confiança na sua impunidade e ao mesmo tempo fomentando,o incentivo para atos cada vez mais ousados. Paralelamente, para aumentar ainda mais a confiança na sua impunidade, contavam com uma população alienada com relação a tudo o que se passava. Chegava a ser chocante como os "espoliados" faziam chacotas com os fatos da vida política do país e em alguns momentos, ostentavam orgulhosamente um jargão convenientemente implantado como se tivessem passado por uma lobotomia coletiva...esse jargão preconizava o seguinte... "política, futebol e religião, não se discute"... Chegava a ser trágica, mas essa era a realidade...um país inteiro sendo saqueado, com um povo além de passivo, preocupado com coisas sem a menor importância, como futebol, carnaval, novelas e outras atividades que adquiriam a função de desviadoras de atenção. Para o nosso "herói" foi uma tarefa das mais penosas, levantar fatos concretos dessas ações criminosas. Sabia que o seu trabalho deveria ser totalmente desprovido de qualquer tipo de emoção, mas era algo muito penoso para ele. À medida que suas investigações iam se aprofundando, notou que o nível de sofisticação dessas ações criminosas iam aumentando assustadoramente. Em alguns momentos chegou a ter muitas dificuldades para enxergar a forma como as coisas eram feitas. Apesar de todas as dificuldades para entender melhor todo aquele emaranhado, tinha em mente que deveria de uma certa forma, pensar de maneira semelhante aos seus investigados, ou seja, em alguns momentos ou em quase todos, tinha que se imaginar um criminoso para enxergar os caminhos trilhados por aqueles párias. Sabia também, que apesar de estar conseguindo desvendar essas ações, tinha num segundo estágio, uma dificuldade quase impossível de transpor, que seria a parte comprobatória através de provas documentais. Foi estarrecedor perceber que o país estava todo loteado em "fatias" por áreas de interesse e que as casas legislativas do poder central estavam agrupadas em verdadeiros guetos. Essa situação o fez lembrar de um filme que assistira há muito tempo, onde um determinado reino estava ameaçado em sua soberania. O rei para conseguir apoio dos nobres, loteou os seus domínios entre esses "aliados" de acordo com o interesse de cada um, conseguindo assim, uma união de interesses que permitiria a manutenção do seu território. Entre as benesses propostas, alívio na carga de impostos, uma ação mais branda da justiça real, que deveria fazer vistas grossas para toda sorte de injustiças praticadas dentro dos limites da influência desses mesmos "aliados". A situação do país era extremamente semelhante e isso o fez lembrar as palavras de um grande filósofo alemão, K. M., que dizia que "toda vez que a história se repete, o faz de forma trágica"... a situação do país reiterava essa proposição, tudo caminhava para o caos coletivo...uma grande tragédia. Um outro fato agravador de toda aquela situação, foi a constatação de que os três poderes que deveriam ser independentes entre si, de tal forma a assegurar um desempenho autônomo e justo, estavam criminosamente macumunados. Eram incontáveis os grupos que agiam no cenário político e as suas investigações apontavam para organizações sofisticadas, cuja objetivo maior era agir de maneira lesiva em benefício de lucros estratosféricos. Sentindo que as suas pesquisas num dado momento estagnaram, principalmente pelas dificuldades impostas pelo alto nível de sofisticação que esses grupos se utilizavam para maquiar suas ações, viu-se impotente para prosseguir. Foi nesse momento, que eufórico, se lembrou que fazia parte da Liga da Justiça e como membro dessa confraria, poderia contar com o auxílio de seus membros. Antes mesmo que entrasse em contato como os seus pares, lembrou de uma cidade muito estranha lá do hemisfério norte, cuja história se baseou numa luta constante de seu protetor mor, contra esse tipo de crime. Os criminosos de colarinho branco dessa cidade, foram extremamente hábeis adquirindo o controle de várias empresas, de tal forma que pudessem através delas, tornar dinheiro sujo em capitais respeitados. Certamente os conselhos e orientações do guardião da cidade, um enigmático e implacável homem- morcego, que já tinha vivenciado todas essas situações, poderiam indicar um caminho mais seguro e eficiente em sua luta. Febrilmente passou vários dias catalogando os documentos até então reunidos em suas investigações e tão logo fosse possível, empreenderia viagem para a cidade, cujo guardião detinha um enorme e extenso arsenal de ferramentas e a partir de sua temida caverna, com certeza teria acesso a formas mais eficientes na obtenção de provas... LC OLIV

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