...com a notícia da viagem (fuga) do senador para Londres, o nosso "investigador" se viu forçado a acelerar a sua coleta e codificação de documentos resultantes de suas pesquisas.
Com o material devidamente catalogado, tratou de acelerar a sua ida para a Inglaterra, pois quanto antes chegasse às terras de sua majestade, melhor seria para manter-se no encalço daquele corrupto que se revestia de uma honestidade insuspeita e com toque religioso.
Não compraria as passagens antes de obter o visto no consulado e por pouco isso não se tornou um capítulo a parte, dada às dificuldades impostas pelas autoridades. Antes mesmo que o visto se tornasse uma novela, lembrou oportunamente que era membro da Liga e como tal, deveria desfrutar de algum privilégio, mesmo que fosse para a obtenção de um simples visto no seu passaporte.
Após uma semana de correrias burocráticas, acabou finalmente obtendo o seu salvo conduto. A procura pela melhor oferta de passagem aérea, foi relativamente fácil, já que era uma época do ano que eles consideravam de entressafra na movimentação turística.
Embarcaria dentro de uma semana, período em que trabalhou exaustivamente na preparação da viagem. Levaria o estritamente necessário, desde de objetos pessoais, até os documentos, principalmente porque tinha a intenção e não sabia como, de contar com a colaboração da Interpol e da Scotland Yard, a célebre e mundialmente conhecida polícia inglesa.
Com a parte material quase que toda arrumada, finalmente veio à tona o que seria o lado obscuro da viagem, o seu medo patológico de aviões. Apesar de ter sido recente a sua ida para Gotham City, ainda não se sentia totalmente confortável com a ideia de voar. Pensar em se sentir transportado por um monstrengo de várias toneladas a muito metros de altura, apesar de toda a lógica tecnológica, fazia com que sentisse uma ansiedade quase incontrolável.
À medida que os dias iam se sucedendo, a sua ansiedade foi aumentando a ponto de ter que tomar alguns medicamentos para controlar o seu estado alterado. Deitava tarde e mesmo assim, tinha uma enorme dificuldade para conciliar o sono. As malas estavam e todas prontas num canto do quarto e mesmo assim, levantava várias vezes checava se não tinha se esquecido de nenhum detalhe. Sabia que era algo desnecessário, mas mesmo assim era compelido a conferir tudo.
Nos derradeiros dias que antecederam o seu embarque, levantava durante a madrugada, vestia-se e saia para a rua numa tentativa de se acalmar e ajudar o tempo passar que insistia em ser torturantemente demorado. Nas suas andanças a esmo, imaginava como seria a cidade para onde iria. Conhecia Londres por fotos, filmes e reportagens, já que se tratava de uma das capitais mais cosmopolitas do mundo. Tinha uma grande fascinação pela cidade tão bem descrita pela "Rainha do Crime", mas essa era retratada nas décadas de 20, 30, 40, 50 se muito. Por conta disso e da mágica que a grande escritora descrevia de alguns pontos, era imprescindível que conhecesse os lendários bairros de Chelsea e do Soho. Ali lembrava-se claramente, muitos mistérios ocorreram nesses trechos obscuros da grande cidade.
A passagem por esses bairros, poderia servir de fonte inspiradora e quem sabe, a possibilidade de absorver um pouco daquela mística, aprimorando o seu lado detetivesco...
LC OLIV
sexta-feira, 18 de janeiro de 2019
sexta-feira, 4 de janeiro de 2019
... Apesar de uma noite de sono agitado e mal dormida, levantou-se cedo e excitado com os planos do dia. Resolveu tomar o seu desjejum na padaria próxima à sua casa.
Sentou-se na mesa habitual e enquanto era servido, entrou num quase transe, reordenando tudo o que vivera no dia anterior. Agora com a prova concreta de que corria riscos, tinha que agregar às suas investidas, um cuidado todo especial. O desafio também passava a ser além de driblar os seus espiões, não se tornar neurótico a ponto de achar que todo mundo o perseguia.
Em alguns momentos observou os clientes nas outras mesas e percebeu o quanto seria fácil se tornar refém dessa neurose. Chegou a acreditar que alguns tinham gestos estranhos e que o olhavam furtivamente. Com algum esforço procurou se controlar e terminada a sua refeição, saiu para a rua já com destino certo. Passaria por diversos endereços onde recolheria alguns documentos, que viriam a fazer parte do extenso dossiê que estava elaborando.
A manhã estava estranha, com o céu nublado e ventando forte, combinando muito com o clima de mistério daqueles dias. Antes de chegar à estação do metro, passou por uma estranha casa que já vinha observando por mera curiosidade.
Na parte da frente, uma árvore no mínimo curiosa pelo seu formato. Tinha cerca de uns cinco metros de altura, era um enorme tronco que se abria numa forquilha com dois grandes galhos, que por sua vez se ramificavam. Naquele momento por força dos ventos ela balançava parecendo um cilindro, tudo isso em movimentos cadenciados e graciosos, chegando a lembrar uma velha chinesa fazendo tai chi. Já na estação, dissimuladamente fez uma varredura no entorno e não percebendo nada de suspeito, desceu as escadas rolantes rumo à plataforma de embarque. Teve o cuidado de ficar num ponto que achou estratégico e que pudesse dali ver todos os que vinham descendo, tanto pelas escadas de alvenaria como pelas rolantes.
O dia foi intenso, passou por diversos lugares, falou com muitas pessoas. Em alguns colheu os documentos que precisava, em outros percebeu que não conseguiria nada, mas mesmo assim, o seu dossiê engordava a olhos vistos a cada dia. Era uma questão de muito pouco tempo e enfim teria reunido os documentos com as provas de todas as acusações que pretendia apresentar no ministério para formalizar a sua bombástica denúncia.
Apesar de estar fora do país numa missão oficial, o sinistro senador, vinha recebendo notícias detalhadas das investigações. Os relatórios indicavam que boa parte do esquema de corrupção do qual fazia parte como o grande mentor intelectual, estava sendo desvendado, ou pelo menos boa parte dele e que já se dispunha de material suficiente para uma denúncia.. Numa clara tentativa de abortar essas incômodas investidas por parte do nosso "herói", despachou ordens severas no sentido de interromper não importasse como, essas ações.
Alguns dias depois, notou um grande aglomerado de pessoas próximas à sua casa. Em meio ao tumulto e desviando-se dos curiosos, conseguiu chegar ao portão e pode ler o aviso ameaçador pintado com letras enormes e com tinta vermelha, "pare enquanto é tempo". Tinham se enganado com o número, mas a ideia de que estiveram tão perto, o deixou alarmado, talvez fosse o momento com o que já dispunha, de denunciar finalmente um grande criminoso de colarinho branco, o momento e o país clamavam por isso.
Na semana que se seguiu dedicou-se de forma frenética a ordenar tudo o que tinha coletado e agora era uma questão de muito pouco tempo para finalizar a sua grande cruzada.
Numa manhã tomando café na padaria, recebeu no seu celular uma mensagem em que lhe informavam que o sinistro senador temeroso pelo seu retorno ao Brasil, havia resolvido dar uma escapada para Londres, sem data prevista para o retorno, tudo dependendo, é claro, dos rumos que as coisas estavam tomando por aqui. Foi uma clara indicação de que as suas atividades estavam sendo vazadas, o que de uma certa forma não o surpreendeu, mais um motivo para acelerar os preparativos finais...
LC OLIV
Sentou-se na mesa habitual e enquanto era servido, entrou num quase transe, reordenando tudo o que vivera no dia anterior. Agora com a prova concreta de que corria riscos, tinha que agregar às suas investidas, um cuidado todo especial. O desafio também passava a ser além de driblar os seus espiões, não se tornar neurótico a ponto de achar que todo mundo o perseguia.
Em alguns momentos observou os clientes nas outras mesas e percebeu o quanto seria fácil se tornar refém dessa neurose. Chegou a acreditar que alguns tinham gestos estranhos e que o olhavam furtivamente. Com algum esforço procurou se controlar e terminada a sua refeição, saiu para a rua já com destino certo. Passaria por diversos endereços onde recolheria alguns documentos, que viriam a fazer parte do extenso dossiê que estava elaborando.
A manhã estava estranha, com o céu nublado e ventando forte, combinando muito com o clima de mistério daqueles dias. Antes de chegar à estação do metro, passou por uma estranha casa que já vinha observando por mera curiosidade.
Na parte da frente, uma árvore no mínimo curiosa pelo seu formato. Tinha cerca de uns cinco metros de altura, era um enorme tronco que se abria numa forquilha com dois grandes galhos, que por sua vez se ramificavam. Naquele momento por força dos ventos ela balançava parecendo um cilindro, tudo isso em movimentos cadenciados e graciosos, chegando a lembrar uma velha chinesa fazendo tai chi. Já na estação, dissimuladamente fez uma varredura no entorno e não percebendo nada de suspeito, desceu as escadas rolantes rumo à plataforma de embarque. Teve o cuidado de ficar num ponto que achou estratégico e que pudesse dali ver todos os que vinham descendo, tanto pelas escadas de alvenaria como pelas rolantes.
O dia foi intenso, passou por diversos lugares, falou com muitas pessoas. Em alguns colheu os documentos que precisava, em outros percebeu que não conseguiria nada, mas mesmo assim, o seu dossiê engordava a olhos vistos a cada dia. Era uma questão de muito pouco tempo e enfim teria reunido os documentos com as provas de todas as acusações que pretendia apresentar no ministério para formalizar a sua bombástica denúncia.
Apesar de estar fora do país numa missão oficial, o sinistro senador, vinha recebendo notícias detalhadas das investigações. Os relatórios indicavam que boa parte do esquema de corrupção do qual fazia parte como o grande mentor intelectual, estava sendo desvendado, ou pelo menos boa parte dele e que já se dispunha de material suficiente para uma denúncia.. Numa clara tentativa de abortar essas incômodas investidas por parte do nosso "herói", despachou ordens severas no sentido de interromper não importasse como, essas ações.
Alguns dias depois, notou um grande aglomerado de pessoas próximas à sua casa. Em meio ao tumulto e desviando-se dos curiosos, conseguiu chegar ao portão e pode ler o aviso ameaçador pintado com letras enormes e com tinta vermelha, "pare enquanto é tempo". Tinham se enganado com o número, mas a ideia de que estiveram tão perto, o deixou alarmado, talvez fosse o momento com o que já dispunha, de denunciar finalmente um grande criminoso de colarinho branco, o momento e o país clamavam por isso.
Na semana que se seguiu dedicou-se de forma frenética a ordenar tudo o que tinha coletado e agora era uma questão de muito pouco tempo para finalizar a sua grande cruzada.
Numa manhã tomando café na padaria, recebeu no seu celular uma mensagem em que lhe informavam que o sinistro senador temeroso pelo seu retorno ao Brasil, havia resolvido dar uma escapada para Londres, sem data prevista para o retorno, tudo dependendo, é claro, dos rumos que as coisas estavam tomando por aqui. Foi uma clara indicação de que as suas atividades estavam sendo vazadas, o que de uma certa forma não o surpreendeu, mais um motivo para acelerar os preparativos finais...
LC OLIV
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