quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

... A Estréia de Eice
Após a ingestão dos comprimidos, inicia-se o processo onde ele sentia a transformação corpórea  em energia e como tal, rumando para o destino traçado.
Poucos minutos depois, desembarca nas imediações da Estação da Luz. Receoso e excitado, dando os primeiros passos de reconhecimento do lugar e iniciando formalmente a grande aventura da sua vida. Sentia calafrios subindo e descendo pela coluna.
Caminhando lentamente, nada lhe passava desapercebido e o quadro era dantesco.
Das calçadas brotavam ondas de vapor provenientes de galerias subterrâneas. Aquilo colaborava para a criação de um quadro ainda mais fantástico. Em meio àquele "fog", surgiam do nada e sumiam, figuras furtivas andando rapidamente como se estivessem fugindo de alguma perseguição invisível, pelo menos  para os seus olhos.
Em algum lugar próximo, o som em tom de lamúria e com eco, de uma sirene de ambulância, como se estivesse anunciando o agonizante passeio de um doente a caminho do hospital.
O veículo cortava o "fog" projetando em torno à medida que ia se deslocando, reflexos distorcidos e fantasmagóricos provenientes de suas luzes intermitentes, parecendo um cortejo fúnebre.
Ao se imaginar no lugar do passageiro, teve um estremecimento quase convulsivo.
Ao circular pela Av. Casper Líbero e no seu entorno, observa mesmo que à distância, cenas bizarras totalmente estranhas ao seu cotidiano. Foi a custo de um grande esforço que conseguiu dissimular a repulsa por visões tão estapafúrdias e a fim de não despertar a atenção dos "residentes", já que queria se manter incógnito e de alguma forma se agregar ao que ali existia.
Mulheres horrendas com perfumes fortes e de extremo mal gosto, maquiadas com exagero, oferecendo-se como mercadorias para toda sorte de transeuntes, com a promessa de orgasmos inimagináveis. A mistura de odores era nauseante.
Em alguns trechos, uma estranha combinação de cheiros  de maconha, crack e urina.
Em outros além dos mencionados, somava-se odores azedos de restos de frutas que eram comercializadas durante o dia e abandonadas desordenadamente a espera de coleta que invariavelmente atrasava.
 Em épocas mais quentes essa quadro ficava ainda mais dramático, atraindo uma enorme quantidade de insetos
Eice sentia-se numa situação tão surreal quanto o seu Herói Morcego e agora colega, quando se deslocava por aquela cidade obscura e absurda do hemisfério norte.
Já próximo do parque, notou na calçada um grupo de uma oito pessoas junto a uma fogueira. Estavam todos sentados, a maioria em posição de lótus e conversavam animadamente.
A cena apesar de tosca, tinha toques atraentes para o Eice, que se sentiu como que compelido a participar da reunião.
Avançando lentamente e há poucos metros, percebeu que tinha sido notado e se sentiu inibido.
Mesmo assim, conseguiu ver rapidamente numa das laterais da fogueira, numa lata algo sendo cozinhado que não conseguiu identificar o que era.
Viu também, um rapaz aparentando uns trinta anos, apesar das condições precárias de vida impressas em seu rosto, com uma vareta flambando uns gomos de salsicha...

Aos Amigos Leitores, um recado do Eice:
Ele descobriu recentemente que também é  filho do Todo Poderoso, e como tal
também vai sair em férias e deve retornar após a passagem do  ano.
Aproveita a oportunidade para desejar a todos um Feliz Natal e muitas felicidades  no ano
que se avizinha.

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