Além de tentar interferir nas situações de injustiça que testemunhou nas várias partes do centro velho da cidade e que clamavam por uma ação imediata, tinha um fascínio por alguns eventos do passado.
Era uma coisa que o interessava vivamente por vários motivos.
Primeiro, porque a época em que os fatos ocorreram, se deu no final da década de sessenta, alguns anos após o golpe militar de 1964.
Queria vivenciar, como expectador, o clima de mudança institucional, pelo qual a população da maior cidade do país passou, já que sair de uma vida democrática e entrar num regime militar onde os conceitos de liberdade foram significativamente alterados, era algo que despertava inúmeras indagações em seu íntimo.
Segundo, porque queria se ver ainda garoto, participando ativamente das manifestações estudantis que pipocavam pelas rus a em sinal de protesto pela situação então vigente.
Depois de muitas dúvidas, acabou optando pela visita política, para poder sentir novamente. no palco dos acontecimentos, a intensidade dos ventos soturnos que sopraram por mais de vinte anos, em nossa sociedade.
Estabelecimento da Época
Ano de 1969, o mundo passando por movimentos sociais aspirando mudanças.
Da Europa, uma chama vinda mais precisamente da Inglaterra, através de um conjunto musical que inicia um processo de ruptura, ainda no início da década, com algumas das estruturas formais, principalmente na área comportamental, através de uma música que viria a influenciar vários setores da sociedade. Uma música que se contraditava com tudo que existia na época.
Esse estado mental preconizador de mudanças, desencadeou como um poderoso catalisador, movimentos populares em várias partes do mundo, onde a tônica era o questionamento do establishment, mesmo que isso implicasse em não se ter alternativas para uma determinada direção, ainda assim, o que se pretendia era alterar o que existia.
Tal postura lembrava muito um movimento cultural brasileiro que ficou conhecido mais tarde, como A Semana de Arte Moderna, que tinha como lema central, a seguinte frase:: "Não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos".
Na França e talvez também em decorrência desta mesma semente germinada no outro lado do canal, os estudantes tomaram a frente dessa grande onda de insatisfação e protagonizaram grandes movimentos contestatórios, chegando a colocar em check a estrutura formal então vigente, tamanha intensidade que os protestos alcançaram e mais tarde esse mesmo movimento, ficou conhecido mundialmente como "A Primavera de 68"...
Talvez desde o final da Segunda Guerra, não tenha se verificado em solo francês, algo com a magnitude daquela verdadeira avalanche de consciência que mobilizou a sociedade de uma forma tão veemente...
LC OLIV