... Após a sua higiene matinal, desceu revigorado e para sua surpresa quando chegou ao saguão do hotel, foi informado de que o capitão estava à sua espera. Este confortavelmente instalado a uma mesa, tomava um fumegante e perfumado café. Pediu um para o garçom e sentou-se querendo saber quais seriam as ações daquela linda e promissora manhã.
A sua ideia inicial era de tomar a sua refeição no Abbey Road, mas sentiu-se meio sem jeito em tirar o seu companheiro daquele momento que dava mostras de estar muito satisfeito com relação ao local. A um chamado seu, decidiram ali mesmo com o garçom, qual seria o cardápio.
Dessa vez aquela ideia do café da manhã igual ao que ele tinha visto num filme, onde um faminto inspetor de polícia devorava uma apetitosa refeição matinal, finalmente se realizaria. Ainda se lembrava das iguarias e acabou pedindo tudo igual. Abria com uma generosa xícara de café, torradas de pão de forma, dois ovos com gemas moles e bacon, e dois gomos de linguiça bem torrados. O capitão que acompanhava o pedido, com entusiasmo pediu um igual. Ao final para fecharem tudo, pediram mais um pouco de café.
Saíram da mesa pesados e com aspecto de satisfação estampado no rosto. Já na balcão da recepção, utilizaram o telefone do hotel para um contato rápido com o Poirot, a fim de de uma possível orientação. A resposta do detetive não foi das mais animadoras. Foi com impaciência que ouviu uma reprimenda, embora polida, ms ainda assim, uma reprimenda. A sua voz soava um tanto estridente ao telefone quando disse de forma taxativa, que já trabalhavam juntos por anos e que já era mais que oportuno que seguisse uma linha de investigação a partir de suas próprias conjecturas. A sugestão final o irritou profundamente, pois de alguma forma odiava aquela recomendação. "Hastings, ordem e método, use as celulazinhas cinzentas e tudo lhe parecerá extremamente simples."
Sentindo-se um tanto desconfortável, tentou seguir as recomendações do seu irritante e repetitivo mestre, mas não atinava com um começo, para ele por mais que Poirot mantivesse alguma expectativa de alguma ação de sua parte, não tinha a menor ideia de por onde recomeçar.
Lembrando-se do Inspetor Japp, dirigiu-se para o centro, mais especificamente para os quarteirões onde os diamantes fervilhavam nas mãos dos discretos joalheiros. Por volta do horário do almoço, já tinha inquirido uns dez proprietários que desconfiados e receosos com as perguntas, evitavam qualquer informação que pudesse os comprometer e com isso inviabilizando qualquer progresso.
Um tanto decepcionados, optaram por um uma refeição rápida ali pelo centro mesmo, para recomeçarem a infrutífera peregrinação. Era desolador e de certa forma estavam começando a perder as esperanças de localizarem ou até mesmo de conseguirem uma informação por menor que pudesse ser, no sentido de se colocarem no rastro de um possível e suspeito comprador de gemas.
Pelo meio da tarde, conseguiram a muito custo com que um joalheiro, lhe dessem a informação de um especulador que havia estabelecido uma pré compra de uma razoável quantidade de gemas. Não tinha mais informações, pois o seu estabelecimento servira unicamente como um ponto para a negociação e que de acordo com a tradição, aguardaria o retorno do vendedor para a remuneração de praxe nesses tipos de transações.
Essas operações eram revestidas de um absoluto sigilo, eram feitas numa base de estrita confiança entre as partes, sem que nenhum documento como , contratos, notas de venda eram necessários, até mesmo para evitar fiscalizações das autoridades com o seus odiados tributos. A tradição através dos séculos tinha consagrado o comércio dessa forma.
Ainda esse mesmo joalheiro, mencionou que no único contato que teve com o tal comprador, esse o havia consultado sobre a existência de algum catálogo com a relação das galerias da cidade. Esperançoso com essa nova informação, tentaram obter uma descrição fisionômica do tal estrangeiro, exasperaram-se com as evasivas do informante que deixava clara a sua intenção de não se envolver em algo ilegal. Numa tentativa de intimidação, mencionaram a possibilidade de ter que passar essas mesmas informações para algum inspetor da Yard, o que de alguma forma poderia lhe trazer alguns inconvenientes, até mesmo a possibilidade de uma severa auditoria em seus livros.
Diante dessa possibilidade, o comerciante, descreveu o homem com riqueza de detalhes, não deixando nos dois nenhum tipo de dúvida Convencidos de que era quem estavam procurando, ao se retirarem, acalmaram o trêmulo joalheiro com relação a qualquer tipo de visita oficial, principalmente das autoridades fiscais.
Acordaram não revelar as suas descobertas, afinal as celulazinhas cinzentas não eram um privilégio exclusivo do pequeno belga e levariam adiante as suas ações. Naquela noite jantariam no costumeiro Abbey Road, que a essas alturas estava se tornando o seu Q.G... certamente tinham muito o que confabular para o dia seguinte com uma inesquecível incursão por Mayfair em Westminster, um local emblemático e mágico de Londres, onde se encontravam as mais sofisticadas galerias de arte...
LC OLIV
terça-feira, 23 de junho de 2020
sexta-feira, 5 de junho de 2020
... Durante aquela solene refeição, enquanto comiam, ouviram atentamente o inspetor chefe Japp. Este relatou que estivera rodando pelo "centro das gemas", era como se referiam ao setor mais antigo da cidade, onde anciãos de quipá, circulavam cuidadosamente pelas estreitas ruas, entrando e saindo de antigas joalheiras.
Estas na sua maioria, além do espaço reservado para pequenas e antiquíssimas vitrines que compunham a loja formal, onde eram exibida peças mais convencionais, tinham sempre um recinto reservado para a comercialização das chamadas "obras de arte", invariavelmente raríssimas e caras. Ali também, rituais de compra e venda de gemas, onde os especialistas avaliavam as peças. Os diamantes normalmente eram submetidos a olhos infalíveis. Tal ritual era marcado por um solene e estranhíssimo aperto de mão entre os protagonistas. Esse cumprimento selava a operação, cuja seriedade dos contratantes era mais valioso que qualquer documento assinado.
O inspetor chefe e seus agentes andaram discretamente interrogando no sentido de tentar obter alguma informação acerca de algum estrangeiro que estivesse interessado em investir altas somas em gemas, das confinadas em Amsterdan para futuros resgates. Muitos desses respeitáveis senhores de quipás e peiotes, se dedicavam a essa centenária forma de comercialização.
Enquanto conversavam e trocavam suas impressões, via com grande prazer, o apetite como todos degustavam aquelas iguarias. Sem que se desse conta, num flash back, rememorou prazeirosamente as cenas de um filme inglês, onde um inspetor devorava um típico cafe da manhã inglês, em seu gabinete. Tal cena estava tão viva em sua memória que chegou a ter dificuldade em retornar para a sua realidade, tamanha semelhança dos momento vividos.
Recebendo a incumbência e algumas diretrizes do próprio inspetor, iriam na parte restante do dia, empreender algumas visitas a galerias de arte. A um pedido do inspetor, pouco depois uma robusta e rubra secretária entrou no gabinete trazendo consigo uma relação de endereços. Terminado o chá, todos se levantaram um tanto preguiçosos, de posse dos roteiros para cumprir as suas missões.
Começaram para suas visitas por algumas galerias do Soho. Com o capitão acabou aprendendo um pouco sobre algumas escolas, como os impressionistas, a acidez de Van Gogh, a luminosidade de Picasso e aquela coisa meio chata e murcha de Dalí. Acabou confessando meio constrangido a sua ignorância sobre os mestres ali citados e vistos. Notava-se na fisionomia do capitão a satisfação pela falta de conhecimento do estrangeiro que lhe permitia comentários professorais de alguém habituado a esses assuntos.
A justificativa de Eice, acabou por virar como uma contraofensiva a seu favor, quando disse que as suas preferências estavam nos mestres do renascimento. A simples menção de nomes como Leonardo da Vinci, Miquelangelo, Rafael Szanzio e outros, colocou o seu companheiro numa situação de claro constrangimento, face à sua falta de intimidade com as obras desses imortais.
Deram-se conta do anoitecer pela chegada do indefectível fog que por sinal era mais denso naquela época do ano. Por sua iniciativa, resolveram passar pelo apartamento de Poirot para jantar e por sugestão de Hastings, ceariam no Abbey Road. Pouco depois deram com o detetive atando o nó de sua gravata junto à sua escrivaninha. A julgar pelo suave aroma do perfume que inundava o ambiente, deu para concluir que estava nos toques finais de sua toillete. Era incrível como tudo naquele homem era extremamente estético e elegante.
O pequenino detetive aceitou entusiasticamente ao convite e a caminho, ainda dentro do táxi, assumiu a condição de anfitrião. Assim que desembarcaram, entraram e o som agradável da sinete, anunciou a chegada do trio. Foram recepcionados e encaminhados para a mesa que costumavam usar. A saudação amistosa do maitre demonstrava que se conheciam de longa data.
Como não poderia deixar de ser, a escolha do menu recaiu sobre o gourmet do grupo. Poirot optou por uma sopa de frutos do mar, tendo como prato principal um suculento peixe de carnes brancas, acompanhado de salpicão com pedaços minúsculos de camarão e tiras bem desfiadas de lagosta. Para beber, um vinho verde português, finalizando com licores em lugar da sobremesa. Durante o jantar discutiram de forma amistosa as iniciativas que estavam em curso. Poirot ouvia aos dois com muita atenção e já na fase dos licores, fez algumas sugestões a ambos, mas se recusou comentar as suas ações daquele dia, uma vez que colaborava de forma central na investigação.
Depois dos cafés, o detetive e o capitão resolveram acompanhá-lo até o seu hotel. A caminhada foi agradável e logo chegaram ao seu destino. Na recepção pediram um táxi que pouco depois chegou. Despediram-se e pouco depois atirava-se pesadamente em sua cama, onde teria uma noite com sonhos recheados de investigações, camarões, mexilhões e aquele saborosíssimo licor de laranja.
Pela manhã acordou revigorado e muito otimista com o rumo das coisas. Tinha absoluta certeza que o sucesso de sua missão era questão de tempo, principalmente pelo gabarito das pessoas envolvidas...
LC OLIV
Estas na sua maioria, além do espaço reservado para pequenas e antiquíssimas vitrines que compunham a loja formal, onde eram exibida peças mais convencionais, tinham sempre um recinto reservado para a comercialização das chamadas "obras de arte", invariavelmente raríssimas e caras. Ali também, rituais de compra e venda de gemas, onde os especialistas avaliavam as peças. Os diamantes normalmente eram submetidos a olhos infalíveis. Tal ritual era marcado por um solene e estranhíssimo aperto de mão entre os protagonistas. Esse cumprimento selava a operação, cuja seriedade dos contratantes era mais valioso que qualquer documento assinado.
O inspetor chefe e seus agentes andaram discretamente interrogando no sentido de tentar obter alguma informação acerca de algum estrangeiro que estivesse interessado em investir altas somas em gemas, das confinadas em Amsterdan para futuros resgates. Muitos desses respeitáveis senhores de quipás e peiotes, se dedicavam a essa centenária forma de comercialização.
Enquanto conversavam e trocavam suas impressões, via com grande prazer, o apetite como todos degustavam aquelas iguarias. Sem que se desse conta, num flash back, rememorou prazeirosamente as cenas de um filme inglês, onde um inspetor devorava um típico cafe da manhã inglês, em seu gabinete. Tal cena estava tão viva em sua memória que chegou a ter dificuldade em retornar para a sua realidade, tamanha semelhança dos momento vividos.
Recebendo a incumbência e algumas diretrizes do próprio inspetor, iriam na parte restante do dia, empreender algumas visitas a galerias de arte. A um pedido do inspetor, pouco depois uma robusta e rubra secretária entrou no gabinete trazendo consigo uma relação de endereços. Terminado o chá, todos se levantaram um tanto preguiçosos, de posse dos roteiros para cumprir as suas missões.
Começaram para suas visitas por algumas galerias do Soho. Com o capitão acabou aprendendo um pouco sobre algumas escolas, como os impressionistas, a acidez de Van Gogh, a luminosidade de Picasso e aquela coisa meio chata e murcha de Dalí. Acabou confessando meio constrangido a sua ignorância sobre os mestres ali citados e vistos. Notava-se na fisionomia do capitão a satisfação pela falta de conhecimento do estrangeiro que lhe permitia comentários professorais de alguém habituado a esses assuntos.
A justificativa de Eice, acabou por virar como uma contraofensiva a seu favor, quando disse que as suas preferências estavam nos mestres do renascimento. A simples menção de nomes como Leonardo da Vinci, Miquelangelo, Rafael Szanzio e outros, colocou o seu companheiro numa situação de claro constrangimento, face à sua falta de intimidade com as obras desses imortais.
Deram-se conta do anoitecer pela chegada do indefectível fog que por sinal era mais denso naquela época do ano. Por sua iniciativa, resolveram passar pelo apartamento de Poirot para jantar e por sugestão de Hastings, ceariam no Abbey Road. Pouco depois deram com o detetive atando o nó de sua gravata junto à sua escrivaninha. A julgar pelo suave aroma do perfume que inundava o ambiente, deu para concluir que estava nos toques finais de sua toillete. Era incrível como tudo naquele homem era extremamente estético e elegante.
O pequenino detetive aceitou entusiasticamente ao convite e a caminho, ainda dentro do táxi, assumiu a condição de anfitrião. Assim que desembarcaram, entraram e o som agradável da sinete, anunciou a chegada do trio. Foram recepcionados e encaminhados para a mesa que costumavam usar. A saudação amistosa do maitre demonstrava que se conheciam de longa data.
Como não poderia deixar de ser, a escolha do menu recaiu sobre o gourmet do grupo. Poirot optou por uma sopa de frutos do mar, tendo como prato principal um suculento peixe de carnes brancas, acompanhado de salpicão com pedaços minúsculos de camarão e tiras bem desfiadas de lagosta. Para beber, um vinho verde português, finalizando com licores em lugar da sobremesa. Durante o jantar discutiram de forma amistosa as iniciativas que estavam em curso. Poirot ouvia aos dois com muita atenção e já na fase dos licores, fez algumas sugestões a ambos, mas se recusou comentar as suas ações daquele dia, uma vez que colaborava de forma central na investigação.
Depois dos cafés, o detetive e o capitão resolveram acompanhá-lo até o seu hotel. A caminhada foi agradável e logo chegaram ao seu destino. Na recepção pediram um táxi que pouco depois chegou. Despediram-se e pouco depois atirava-se pesadamente em sua cama, onde teria uma noite com sonhos recheados de investigações, camarões, mexilhões e aquele saborosíssimo licor de laranja.
Pela manhã acordou revigorado e muito otimista com o rumo das coisas. Tinha absoluta certeza que o sucesso de sua missão era questão de tempo, principalmente pelo gabarito das pessoas envolvidas...
LC OLIV
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