terça-feira, 23 de junho de 2020

     ... Após a sua higiene matinal, desceu revigorado e para sua surpresa quando chegou ao saguão do hotel, foi informado de que o capitão estava à sua espera. Este confortavelmente instalado a uma mesa, tomava um fumegante e perfumado café. Pediu um para o garçom e sentou-se querendo saber quais seriam as ações daquela linda e promissora manhã.
     A sua ideia inicial era de tomar a sua refeição no Abbey Road, mas sentiu-se meio sem jeito em tirar o seu companheiro daquele momento que dava mostras de estar muito satisfeito com relação ao local. A um chamado seu, decidiram ali mesmo com o garçom, qual seria o cardápio.
     Dessa vez aquela ideia do café da manhã igual ao que ele tinha visto num filme, onde um faminto inspetor de polícia devorava uma apetitosa refeição matinal, finalmente  se realizaria.  Ainda se lembrava das iguarias e acabou pedindo tudo igual. Abria com uma generosa xícara de café, torradas de pão de forma, dois ovos com gemas moles e bacon, e dois gomos de linguiça bem torrados.  O capitão que acompanhava o pedido,  com entusiasmo pediu um igual. Ao final para fecharem tudo, pediram mais um pouco de café.
     Saíram da mesa pesados e com aspecto de satisfação estampado no rosto. Já na balcão da recepção, utilizaram o telefone do hotel para um contato rápido com o Poirot,  a fim de de uma possível orientação. A resposta do detetive não foi das mais animadoras. Foi com impaciência que ouviu uma reprimenda, embora polida, ms ainda assim, uma reprimenda. A sua voz soava um tanto estridente ao telefone quando disse de forma taxativa, que já trabalhavam juntos por anos e que já era mais que oportuno que seguisse uma linha de investigação a partir de suas próprias conjecturas. A sugestão final o irritou profundamente, pois de alguma forma odiava aquela recomendação. "Hastings, ordem e método, use as celulazinhas cinzentas e tudo lhe parecerá extremamente simples."
     Sentindo-se um tanto desconfortável, tentou seguir as recomendações do seu irritante e repetitivo mestre, mas não atinava com um começo, para ele por mais que Poirot mantivesse alguma expectativa de alguma ação de sua parte, não tinha a menor ideia de por onde recomeçar.
     Lembrando-se do Inspetor Japp, dirigiu-se para o centro, mais especificamente para os quarteirões onde os diamantes fervilhavam nas mãos dos discretos joalheiros. Por volta do horário do almoço, já tinha inquirido uns dez proprietários que desconfiados e receosos com as perguntas,  evitavam qualquer informação que pudesse os comprometer e com isso inviabilizando qualquer progresso.
     Um tanto decepcionados, optaram por um uma refeição rápida ali pelo centro mesmo, para recomeçarem a infrutífera peregrinação. Era desolador e de certa forma estavam começando a perder  as esperanças de localizarem ou até mesmo de conseguirem uma informação por menor que pudesse ser, no sentido de se colocarem no rastro de um possível e suspeito comprador de gemas.
     Pelo meio da tarde, conseguiram a muito custo com que um joalheiro, lhe dessem a informação de um especulador que havia estabelecido uma pré compra de uma razoável quantidade de gemas. Não tinha mais informações, pois o seu estabelecimento servira unicamente como um ponto para a negociação e que de acordo com a tradição, aguardaria o retorno do vendedor para a remuneração de praxe nesses tipos de transações.
     Essas operações eram revestidas de um absoluto sigilo, eram feitas numa base de estrita confiança entre as partes, sem que nenhum documento como , contratos, notas de venda eram necessários, até mesmo para evitar fiscalizações das autoridades com o seus odiados tributos. A tradição através dos séculos tinha consagrado o comércio dessa forma.
     Ainda esse mesmo joalheiro, mencionou que no único contato que teve com o tal comprador, esse o havia consultado sobre a existência de algum catálogo com a relação das galerias da cidade. Esperançoso com essa nova informação, tentaram obter uma descrição fisionômica do tal estrangeiro, exasperaram-se com as evasivas do informante que deixava clara a sua intenção de não se envolver em algo ilegal. Numa tentativa de intimidação, mencionaram a possibilidade de ter que passar essas mesmas informações para algum inspetor da Yard, o que de alguma forma poderia lhe trazer alguns inconvenientes, até mesmo a possibilidade de uma severa auditoria  em seus livros.
     Diante dessa possibilidade, o comerciante, descreveu o homem com riqueza de detalhes, não deixando nos dois nenhum tipo de dúvida Convencidos de que era quem estavam procurando, ao se retirarem, acalmaram o trêmulo joalheiro com relação a qualquer tipo de visita oficial, principalmente das autoridades fiscais.
     Acordaram não revelar as suas descobertas, afinal as celulazinhas cinzentas não eram um privilégio exclusivo do pequeno belga e levariam adiante as suas ações. Naquela noite jantariam no costumeiro Abbey Road, que a essas alturas estava se tornando o seu Q.G...  certamente tinham muito o que confabular para o dia seguinte com uma inesquecível incursão por Mayfair em Westminster, um local emblemático e mágico de Londres, onde se encontravam as mais sofisticadas galerias de arte...



LC OLIV
   











Nenhum comentário:

Postar um comentário