sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

...Chegando próximo ao coreto do Jardim da Luz, viu umas quinze pessoas. Estavam sendo encurraladas por um sujeito alto e corpulento.
Aos berros e proferindo uma série infindável de palavrões, cobrava uma dívida, provavelmente por compra de droga, de um rapaz esquálido, que pelo que se entendia não tinha ao menos naquele momento, como pagar.
À medida que gritava, agredia violentamente com socos e chutes o pobre coitado.
O castigo era brutal e acima do "necessário", deixando evidente que aquilo era também, para desestimular futuros mal pagadores.
O rapaz já estava bastante machucado, quando o Eice se deu conta novamente que tudo ao seu redor continuava em preto e branco, sendo que a única cor que contrastava com aquele cenário estranho, era um filete de um vermelho muito vivo de sangue que  pingava do nariz e escorria para o lábio superior do infeliz indigente. Com um grito gutural, o Eice tentou intervir pondo fim àquele absurdo espancamento.
A reação de espanto do "mercador da morte", foi visível.
Afinal quem teria a petulância de intervir nos seus domínios e ainda por cima dizer a ele o que fazer?
Vociferando, se voltou na direção do Eice, este de pronto e já devidamente caracterizado, colocou-se numa posição de prontidão, típica dos praticanete de Tai Chi.
Tal postura foi quase que suficiente para pelo menos momentaneamente, refrear o truculento agressor.
Sem saber quem era aquela figura estranha e aquela postura nunca antes vista, pelo menos por ele,
o hiato de tempo produzido criou uma situação de impasse.
Isso foi o suficiente para aquela horda de farrapos humanos entrasse quase que num frenesi, e aos brados infligiram toda sorte de ofensas ao odiado algoz.
Este por sua vez temendo perder o controle "moral" da situação, tenta num impulso, violentamente se arremessar contra o nosso "herói", que habilmente como um "artista marcial", se esquiva.
O bruta-montes desequilibra-se, tenta se recobrar, mas acaba estatelado de cara no chão, o que provocou um considerável ferimento e sangramento no rosto.
Ouve-se risos mesclados a gritos de puro prazer com a cena. A queda acabou funcionamento como um grande estímulo gerador de endorfina para aqueles miseráveis.
Já em pé e  tentando recobrar o domínio da situação ele investe novamente.
Antecipando essa ação, como um raio, Eice da um passo para frente em diagonal,  na direção do sujeito e projeta a mão vinda de trás, num movimento ascencional e espiralado, transmitindo todo o seu peso para frente, gerando um torque fortíssimo.
O choque foi impressionante quando o "calcanhar" da sua mão explodiu no queixo do traficante, parecendo-se com o impacto daqueles aríetes que se usava na idade média para derrubar os portões das fortalezas...

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