.....Lembrando as aventuras que acompanhou pelos bairros de Chelsea e Soho, percorreu todas as principais ruas desses lugares num estado de profunda euforia. Tudo para ele tinha um toque de mistério. A simples ideia de estar pisando o solo sagrado por onde anos antes tinham sido percorridos pelo célebre detetive belga e o seu assistente, o enchiam de entusiasmo.
Parecia um sonho, mas aquilo era na verdade, uma parte muito emblemática de uma das cidades mais misteriosas do mundo. Palco de histórias impressionantes desde a sua formação até transformar-se na capital do império, Muitas delas de lutas e de resistência a diversos inimigos que remontavam aos Romanos que chegaram a estender os seus tentáculos, mas que posteriormente foram rechaçados bravamente.
Londres das tradições seculares, dos grandes crimes, da sua arquitetura característica e agora tudo aquilo ao seu alcance satisfazendo um sonho que durante muito tempo foi inimaginável.
De volta ao seu hotel, já no seu quarto, banhou-se e optou por tomar a sua refeição nos próprios aposentos. Apesar de toda a sua euforia, o cansaço era grande e a necessidade de repouso acabou prevalecendo. Já confortavelmente deitado, votou à sua realidade, pois não poderia se esquecer o real motivo pelo qual estava ali. A sua cruzada na perseguição do abjeto senador era de suma importância e localizá-lo era uma tarefa que sabia, não seria das mais fáceis, afinal estava no encalço de um rico e desonesto político de seu país e portanto, uma figura ladina e difícil de ser agarrada.
Aliás, a ideia de pertencer a um país que se tornara mundialmente conhecido por sua classe política descaradamente desonesta e impune, lhe traria alguns contratempos, pois a simples menção de sua origem, resultava na dificuldade de comunicação com as pessoas que preferiam se afastar, como se fugia da peste negra.
Na manhã seguinte, acordara bem cedo. Após a sua higiene pessoal, deixou o hotel renovado em seu ânimo e na sua condição física. optara por tomar o seus desjejum fora do local de sua hospedagem. Saiu sem rumo e ao mesmo tempo que passeava, procurava por um local apropriado para a sua refeição matinal. Depois de muito caminhar, desembarcou em Charing Cross, no distrito de Westminster, na verdade o marco zero oficial da cidade.
Meio perdido caminhou a esmo até que acabou se vendo numa pequena rua. Essa era calma e soberbamente ornada por arbustos de flamboyant dos dois lados. Num deles eram da cor amarela e do outro, na cor vermelha. Esse contraste dava um colorido e um encanto todo especial ao
local. Por alguns minutos ficou parado embevecido com o espetáculo que era apresentado para o deleite dos seus olhos, a ponto de momentaneamente, esquecer porque estava ali e o que procurava.
Depois de algum tempo, retomou a sua procura, sem a menor ideia se conseguiria encontrar o que procurava, um local para o seu desjejum. O seu estômago já fazia as primeiras cobranças emitindo um ruído típico. Continuou caminhando num ritmo meio indeciso, sem ter noção do rumo que deveria seguir. Foi nesse momento num trecho próximo, que avistou algo que lhe pareceu ao mesmo tempo insólito e descabido. Uma faixa de pedestres pintada na calçada!
No seu país tal faixa ficava na rua e era destinada como o seu próprio nome dizia, para a travessia de pedestres. Chegando bem próximo e com um ar de deboche, olhou atentamente para aquele curioso engano. Percorreu desde o meio fio indo na direção da parede e para a sua surpresa e depois acabaria entendendo o porque daquilo, se deparou com um restaurante cujo nome era "Abbey Road".
O estabelecimento tinha cerca de uns dez metros de fachada, portas de madeira em arco e da metade para cima, vidros jateados, de tal forma que não se via o seu interior. Ao abrir a porta, soou uma sineta num timbre agradável e sonoro, provocando os olhares curiosos e dissimulados dos presentes, fazendo com que ele se sentisse ligeiramente desconfortável. Percorreu com olhos atentos o ambiente e gostou de tudo o que viu...
LC OLIV
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