...As influências europeias nesta época eram muito marcantes principalmente na arquitetura.
Exemplos como o Teatro Municipal; o Mercado Central; os monumentos públicos;
o majestoso prédio do Forum da Praça Clóvis; os prédios dos tribunais de Alçada do Pátio do Colégio; a grande estação ferroviária da cidade, a Estação da Luz, uma maravilhosa construção em estilo vitoriano; o prédio central dos Correios na praça com o mesmo nome, a escola Caetano de Campos na Praça da República.
Edificações em estilo bizantino com as suas arcadas e minaretes e outras influências, sem contar o barroco portugues, as inconfundíveis colunas gregas, como as da sede da Caixa Econômica Federal na Praça da Sé e fechando, o maior cartão de visitas da cidade, o Museu do Ipiranga, uma colossal construção em estilo renascentista.
Ainda em frente ao restaurante, mergulhado nessas reminiscências, foi surpreendido por um forte barulho de um bonde passando pelas suas costas, subindo a Rua Líbero Badaró e entrando no Viaduto do Chá.
Era nítido o som intermitente semelhante aos badalos de sino, perdendo a intensidade à medida que ia se afastando.
Acreditou estar tendo uma alucinação! Afinal os bondes tinham parado de circular pela cidade em meados da década de 60!!!
Correu até a esquina e olhando na direção do Teatro Municipal, viu o veículo já próximo do prédio da Ligth e, para seu espanto, lá estavam os luminosos do Mappin acesos!!!
Os remédios, os malditos remédios!!!
Só isso poderia explicar aquela sequência de absurdos.
Atônito, correu até a esquina da Rua Dr. Falcão, uma pequena rua lateral que ligava a Rua Líbero Badaró com o Vale do Anhagabaú, parou em uma banca de jornais. Frenético pegou um exemplar da Folha de São Paulo para ver a data e ficou estarrecido quando viu que a edição era de março de 1950.
Perguntou ao dono da banca se a data estava correta e foi prontamente posto a correr por um italiano furioso, diante de uma pergunta tão estapafúrdia e cretina como aquela.
Dos palavrões proferidos, os últimos ficaram reverberando em seus ouvidos, uns sonoros "a fancullo, a facce in mamata e finocchio..."
Em frente à entrada principal e imponente dos escritórios da Matarazzo, um impressionante edifício todo de mármore, tentando digerir aquela descoberta fantástica, a de que estava numa outra época, teve uma ideia quase tão tão maluca quanto o que estava vivenciando.
Sabia que nesta época o seu pai, que era jornalista trabalhava nos Diários
Associados e que por pura coincidência era do turno da noite.
Sentiu um enorme calafrio pela espinha diante da possiblidade de encontrá-lo.
Como um raio, atravessou o Viaduto do Chá e entrou à esquerda na Rua Xavier de Toledo. Ao passar em frente ao Mappin, parou por alguns segundos, como que hipnotizado por aquela visão fantástica. Em seguida alcançou a Rua 7 de Abril e com o coração a ponto de sair pela boca, disparou em direção à Praça D. José Gaspar. Não teve dificuldade para localizar o prédio que procurava..
Muito interessante a forma como descreve o ambiente de uma época não muito longínqua... o texto leva-nos a imaginar uma cena da "twilight zone"!
ResponderExcluirFico no aguardo dos próximos episódios...
Parabéns e um Abraço!
Legal recordar a nossa cidade....gostei!!!
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