...Como aquilo era possível e de que forma eles o encontraram e como seres tão importantes poderiam saber da existência de um simples e mortal Eice?
Emocionado, ele mal conseguiu identificar o herói que estava ao telefone e a custo de muito esforço, entendeu que eles já sabiam das suas pretensões, pois vinham monitorando, mesmo que a distância, o desenrolar de todo o seu processo em se tornar mais um combatente de injustiças e isso os interessava em qualquer lugar do planeta.
Sabiam também, que desde a sua infância ele os admirava, a ponto de ser um grande colecionador de publicações de estórias dos heróis da Liga.
Depois de muitas conversas, acabaram por orientá-lo em como controlar através de um processo de internalização de intenções, as épocas em que pretendia desembarcar nas incursões.
De uma certa forma, acabou sendo agraciado com uma distinção inimaginável, a de ser um membro especial e único naquele hemisfério, da famosa confraria e que a partir de então, contaria com um aporte digamos, de tecnologia operacional que pudesse dar suporte ao seu empreendimento. Tudo isso dentro de um sigilo absoluto.
Eice maravilhado com o rumo meteórico dos acontecimentos, aceitou de pronto todas as condições, inclusive a de seguir um código de ética que deveria ser cumprido a todo custo.
Restava agora um pequeno detalhe a ser resolvido e nem por isso de menor importância.
O seu personagem deveria ter uma identidade secreta e uma caracterização.
Deveria ser algo sutil e ao mesmo tempo que não permitisse a sua identificação e facilmente descartável quando do seu retorno para a condição de ser humano normal, ou melhor, de uma mera e inexpressiva formiga.
Passou várias noites pensando em algo. Tudo o que vinha à sua mente tinha objeções.
Na verdade essa idumentária tinha que ser algo muito simples e que de certa forma não se chocasse com a realidade cotidiana.
Já bastante desanimado e quase desistindo de tudo que tinha pensado, viu no noticiário da TV, uma nota sobre um assalto praticado por um motoqueiro e que este para não ser reconhecido, usava uma toca ninja.
Era isso! Algo que ocultasse o seu rosto e que fosse facilmente descartável caso fosse necessário.
Mesmo assim, ainda sentia que faltava um toque que finalizasse essa caracterização, algo com algum glamour.
E de repente, num estalo, veio a imagem para complementar o que faltava.
O arranjo final seria uma jaqueta, também de motoqueiro, mas com um diferencial.
Ele teria nas costas a estampa do Hells Angels, um grupo de motoqueiros americanos, sempre envolvidos com ações não muito éticas.
Esse antagonismo entre o seu foco e a sua caracterização visual o agradaram, mesmo porque sempre gostou e cultivou o conflito de conceitos. Afinal, essa era a espinha dorsal da dialética, o confronto de idéias e ele como um anarquista convicto não podia fugir daquilo...
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