LC OLIV
quarta-feira, 16 de setembro de 2015
... com o passar dos dias, a sua perplexidade parecia aumentar diante do quadro dantesco que via pintado e que sua análise lhe permitia.
A degradação humana,principalmente na parte comportamental, se dava em todos os níveis e o mais estarrecedor, era o que o exemplo perigosamente, estava vindo de cima.
Era alarmante constatar que em muito pouco tempo perderíamos a capacidade de distinguir o que era ético e legal das falcatruas que se acumulavam num ritmo avassalador. O corporativismo assolava o país em todos os seus níveis. Como exemplo, uma das coisas mais comuns, eram as notícias veiculadas pela grande imprensa, outra incontestável prova desse pacto lesivo, eram as veiculações dessas ações, mas revestidas de uma forma quase que até subliminar de que essas ações eram quase que normais no âmbito da política e esse corporativismo, já assolava o país em todos os segmentos da vida nacional. essas ações estavam lesando de morte o país, através de ações espúrias contrariando tudo como qual tinham se comprometido durante as suas campanhas eleitorais. Sobre esse tema, cabe aqui um capítulo à parte.
Para um espectador que não estivesse em contato com a realidade do país, as promessas de campanha, as propostas de soluções para os nossos problemas econômicos e sociais, eram verdadeiras descobertas da pedra filosofal.
No entanto, o que se via, era um conjunto de ações nocivas e fraudulentas contrárias a tudo o que se apregoava durante o processo eleitoral e a inércia das pessoas diante desa situação caótica, era assustadora. Perigosamente, ninguém se escandalizava com mais nada.Aceitava-se tudo passivamente.
Conceitos que até bem pouco tempo sequer mereciam qualquer tipo de contestação como honestidade, ética, decoro entre outros, passaram a ser sinônimos de coisas há muito ultrapassadas e em desuso nessa nova ordem. As perspectivas para um futuro mais próximo, eram as mais nebulosas que se podia imaginar. A nova ordem era a de "ser experto", não importando o custo para se alcançar as coisas.
Repentinamente uma ideia lhe veio à mente e foi se desenvolvendo como que naturalmente.
Ele tinha criado um "superherói" para combater todo e qualquer tipo de injustiça e essa ocasião era mais que justificada para a intervenção deste personagem.
O país caminhava vertiginosamente para uma situação de descalabro. A possibilidade de perda do controle sobre as ações lesivas que a classe política empreendia o dia à dia do país, pintavam com cores macabras o futuro do nosso país.
Apesar de ter consciência de que o seu personagem tinha como foco de atuação, um universo totalmente diferente daquele com que estava envolvido no momento.
A partir da decisão de mudar o seu foco, passou a compilar cuidadosamente tudo que vinha sendo publicado na midia, apesar dos "filtros" que sabia existir, já que os veículos de massa compactuavam de forma até indecente com esse quadro.
Na verdade o país estava sangrando de morte e algo urgente tinha que ser feito, ou pelo menos tentado.
Escandalizado com o material coletado, aliás fartíssimo, acabou optando por ações visando o combate à pirataria política. Esses corsários contemporâneos, guindados aos seus cargos através de processos legais, em algumas ocasiões quando decoro ou melhor, a falta dele, chegava a níveis fora de controle, tinham contra si, algum processo,ou investigações, ações essas empreendidas por seus pares, revelava um cinismo sem precedentes, porque era perfeitamente previsível o resultado das tais investigações.
Esses crimes acabaram sendo "batizados" como crimes do colarinho branco.
Na realidade, as tais investigações, intituladas de CPI, comissão parlamentar de inquérito, se tratavam de ações paliativas mais com o intuito de dar uma satisfação à opinião pública, onde passariam a ideia de que algo estava sendo feito, o que na verdade era um puro engodo e que acabava opor conseguir aplacar o fúria do público.
Sentia-se impelido por sua consciência, na obrigação de tomar uma posição.
Nos dias que se seguiram, remoía em seu íntimo essa expressão "crime do colarinho branco" de uma forma tão repetitiva, a ponto de plasmar isso no seu inconsciente.
Finalmente acabou cedendo àquela incontrolável obsessão. Combateria de todas as formas possíveis e que estivessem ao seu alcance, os criminosos engravatados, o grande flagelo do país...
quarta-feira, 22 de julho de 2015
... Após o retorno, o nosso personagem ficou vários dias num estado letárgico, dando sinais que estava profundamente chocado com o quadro que acabara de vivenciar.
O país passando por profundas e perigosas transformações, inclusive chegando a ponto de estar caminhando na contra mão de todas as tendências mundiais, onde se buscava novos ares de libertação, o povo totalmente alienado do processo, como se dele não fizesse parte.
O impacto dessa realidade foi tão profundo, que ele acabou se permitindo a uma análise inicialmente, meramente constatatória, mas que aos poucos foi adquirindo contornos sócio-políticos, com conclusões alarmantes.
Década após década, o país foi passando por um processo endêmico e degradante no que se referia à instalação e proliferação de administrações lesivas e altamente corruptas.
A coisa caminhou de uma forma tão calamitosa, que chegou a fugir do controle por menor que fosse.
Passamos a ser conhecidos mundialmente, como um país de pulhas, onde por mais que pudesse ser incrível, contava com uma das classes políticas mais sórdidas do planeta.
Os dirigentes cada vez mais ricos em detrimento de uma população predominantemente miserável, ignorante e sempre à esperar de esmolas governamentais.
Crimes anteriormente repudiados por todos até mesmo por um consenso ético, passaram a ser encarados como a mais natural das coisas inerentes e decorrentes da atividade política.
Um corporativismo cada vez mais exacerbado, acabava por referendar todo e qualquer tipo de ação danosa aos interesses do páís.
E mais uma vez, o povo à margem de tudo e mais ainda, sem a menor conecção com a perigosa realidade.
As perspectivas de um horizonte caótico se tornavam cada vez mais evidentes e mesmo assim nada era tentado no sentido de frear aquele descalabro.
Diante da necessidade extrema de algum tipo de ação em larga escala, o nosso "herói" constata amargamente que o seu país prima pela injustiça em todos os níveis.
Não há um segmento onde as ações sejam calcadas em ética e , honestidade.
Tomando conhecimento do noticiário diário, nota-se que as maiores ações criminosas se verificam no âmbito político.
Ninguém mais parece se preocupar com os pobres e miseráveis punguistas. Os criminosos da raia comum já não tem mais importância alguma.
Hoje os grandes gatunos estão agindo num âmbito de esferas muito mais elevadas.
Os grandes escândalos financeiros, ações empresariais fraudulentas com o governo. Grandes obras com concorrências lesivas para o erário público.
Os políticos legislando em causa própria a fim de se precaverem e preservaram os próprios interesses, invariavelmente escusos.
Diante desse quadro "apocalíptico", o Eice resolve mesmo que simbolicamente, dirigir o foco de suas ações contra o grande flagelo do país, a classe política.
Muito se fala em crimes do colarinho branco, a impunidade geradora de novas ações pouco ou nada éticas.
O país afundando num lodaçal medonho e mesmo assim, a possibiliade de um clamor popular no sentido de se levantar contra tudo isso, não dava nenhum indício de que aconteceria...
O país passando por profundas e perigosas transformações, inclusive chegando a ponto de estar caminhando na contra mão de todas as tendências mundiais, onde se buscava novos ares de libertação, o povo totalmente alienado do processo, como se dele não fizesse parte.
O impacto dessa realidade foi tão profundo, que ele acabou se permitindo a uma análise inicialmente, meramente constatatória, mas que aos poucos foi adquirindo contornos sócio-políticos, com conclusões alarmantes.
Década após década, o país foi passando por um processo endêmico e degradante no que se referia à instalação e proliferação de administrações lesivas e altamente corruptas.
A coisa caminhou de uma forma tão calamitosa, que chegou a fugir do controle por menor que fosse.
Passamos a ser conhecidos mundialmente, como um país de pulhas, onde por mais que pudesse ser incrível, contava com uma das classes políticas mais sórdidas do planeta.
Os dirigentes cada vez mais ricos em detrimento de uma população predominantemente miserável, ignorante e sempre à esperar de esmolas governamentais.
Crimes anteriormente repudiados por todos até mesmo por um consenso ético, passaram a ser encarados como a mais natural das coisas inerentes e decorrentes da atividade política.
Um corporativismo cada vez mais exacerbado, acabava por referendar todo e qualquer tipo de ação danosa aos interesses do páís.
E mais uma vez, o povo à margem de tudo e mais ainda, sem a menor conecção com a perigosa realidade.
As perspectivas de um horizonte caótico se tornavam cada vez mais evidentes e mesmo assim nada era tentado no sentido de frear aquele descalabro.
Diante da necessidade extrema de algum tipo de ação em larga escala, o nosso "herói" constata amargamente que o seu país prima pela injustiça em todos os níveis.
Não há um segmento onde as ações sejam calcadas em ética e , honestidade.
Tomando conhecimento do noticiário diário, nota-se que as maiores ações criminosas se verificam no âmbito político.
Ninguém mais parece se preocupar com os pobres e miseráveis punguistas. Os criminosos da raia comum já não tem mais importância alguma.
Hoje os grandes gatunos estão agindo num âmbito de esferas muito mais elevadas.
Os grandes escândalos financeiros, ações empresariais fraudulentas com o governo. Grandes obras com concorrências lesivas para o erário público.
Os políticos legislando em causa própria a fim de se precaverem e preservaram os próprios interesses, invariavelmente escusos.
Diante desse quadro "apocalíptico", o Eice resolve mesmo que simbolicamente, dirigir o foco de suas ações contra o grande flagelo do país, a classe política.
Muito se fala em crimes do colarinho branco, a impunidade geradora de novas ações pouco ou nada éticas.
O país afundando num lodaçal medonho e mesmo assim, a possibiliade de um clamor popular no sentido de se levantar contra tudo isso, não dava nenhum indício de que aconteceria...
LC OLIV
sexta-feira, 8 de maio de 2015
... Após essa expedição onde pode se auto observar, teve a oportunidade de também se inteirar da reação das pessoas daquele tempo.
Acreditava que a sociedade como um todo tinha a tendência para um determinado tipo de reação independente da época.
Foi extremamente frustrante constatar que tinha razão com relação aos seus temores.
Apesar de alguns setores da sociedade se importarem com o rumo que país estava tomando tanto no campo político como no econômico, a sua grande maioria seguia os seus caminhos indiferentes às mudanças em curso, como se nada daquilo pudesse afetá-los.
Ficou estarrecido com o nível de alienação e em alguns momentos, ficava a impressão de que todos estavam colaborando para aquele engôdo no qual estavam envolvidos.
O poder estabelecido de uma forma até meio grotesca, lança mão de estratégias e ações elementares tendo como objetivo, dar à população, símbolos e ícones dos quais pudessem se orgulhar.
Nesta época, talvez a única coisa que o povo poderia se orgulhar, era a qualidade inconteste do nosso futebol.
No final do ano de 1969, a seleção brasileira tinha acabado de se classificar para a Copa do Mundo no México.
Aliás, aqui um capítulo à parte dando o tom das contradições e da precariedade política como o país vinha sendo administrado.
Nessa época, já tinha-se os primeiros sinais da fobia ao "vermelho" que o país mergulharia nos anos seguintes.
Todo aquele que se contrapusesse ao governo e às suas orientações, era taxado de comunista e depois disso, nada mais podia se fazer para provar o contrário.
Se a pessoa fosse taxada de subversiva, os seus dias estavam contados.
Como diziam os inquisidores medievais, eram considerados carnes queimadas.
A sandice anti-comunista chegou a tal ponto, que numa solenidade numa igreja em Campinas, no interior de São Paulo, os militares consfiscaram como material suspeito de ser subversivo, o missal e todos os breviários do ofícios das horas, pelo simples fato dos mesmos possuirem capas vermelhas.
Nos dias subsequentes não houve missa e tampouco as orações do dia.
Nessa mesma época, no comando do nosso futebol, militares ocupavam postos importantes.
Na iminência de não conseguir a tão esperada classificação para a competição no México, esse mesmo comando composto por inimigos viscerais dos "vermelhos marxistas-leninistas", coloca no comando da seleção um nome de grande influência e competência no futebol e de sabida atividade política pelo Partido Comunista.
O eterno João Saldanha ilustre jornalista, político e técnico de futebol, aliás o futebol depois das mulheres foi a sua grande paixão.
Com rara maestria assume essa tarefa e nos classifica com sobras para a Copa do Mundo e ainda por cima, como grande favorito para a conquista do tão sonhado tri-campeonato.
Com uma reação típica de país de terceiro mundo, somos tomados de um sentimento ufanista.
Naquele momento o futebol no Brasil assume o papel de ópio do povo nos mesmos moldes com que Karl Marx se referia às religiões.
Vendo aquele quadro patético de alienação da sociedade, o Eice observador cede a um temor que carregou o tempo todo nesta expedição ao passado, a de que independente da época, o povo na realidade é um rebanho de gado, que de uma certa forma acostumou-se a ser tangido e essa inércia cosnstatada era alarmante.
Fechando o ciclo da doce alienção, no ano seguinte, somos brindados com a conquista da Copa do Mundo no México!
O Brasil agora era tri-campeão mundial!!!
O ápice desse sentimento ufanista e que foi sabiamente aproveitado durante muito tempo, traduziu-se através do lema "Pra Frente Brasil, Salve a Seleção"
Ao retornar para o seu "laboratório", o Eice é tomado de um sentimento de profunda tristeza ao constatar a mesma postura na sociedade dos dias atuais.
Enquanto a população se contentava com festas de cunho popular e se desligando da realidade cotidiana, um grupo de rábulas estava pilhando o país de uma forma além de indecente, extremamente voraz e perigosa...
Acreditava que a sociedade como um todo tinha a tendência para um determinado tipo de reação independente da época.
Foi extremamente frustrante constatar que tinha razão com relação aos seus temores.
Apesar de alguns setores da sociedade se importarem com o rumo que país estava tomando tanto no campo político como no econômico, a sua grande maioria seguia os seus caminhos indiferentes às mudanças em curso, como se nada daquilo pudesse afetá-los.
Ficou estarrecido com o nível de alienação e em alguns momentos, ficava a impressão de que todos estavam colaborando para aquele engôdo no qual estavam envolvidos.
O poder estabelecido de uma forma até meio grotesca, lança mão de estratégias e ações elementares tendo como objetivo, dar à população, símbolos e ícones dos quais pudessem se orgulhar.
Nesta época, talvez a única coisa que o povo poderia se orgulhar, era a qualidade inconteste do nosso futebol.
No final do ano de 1969, a seleção brasileira tinha acabado de se classificar para a Copa do Mundo no México.
Aliás, aqui um capítulo à parte dando o tom das contradições e da precariedade política como o país vinha sendo administrado.
Nessa época, já tinha-se os primeiros sinais da fobia ao "vermelho" que o país mergulharia nos anos seguintes.
Todo aquele que se contrapusesse ao governo e às suas orientações, era taxado de comunista e depois disso, nada mais podia se fazer para provar o contrário.
Se a pessoa fosse taxada de subversiva, os seus dias estavam contados.
Como diziam os inquisidores medievais, eram considerados carnes queimadas.
A sandice anti-comunista chegou a tal ponto, que numa solenidade numa igreja em Campinas, no interior de São Paulo, os militares consfiscaram como material suspeito de ser subversivo, o missal e todos os breviários do ofícios das horas, pelo simples fato dos mesmos possuirem capas vermelhas.
Nos dias subsequentes não houve missa e tampouco as orações do dia.
Nessa mesma época, no comando do nosso futebol, militares ocupavam postos importantes.
Na iminência de não conseguir a tão esperada classificação para a competição no México, esse mesmo comando composto por inimigos viscerais dos "vermelhos marxistas-leninistas", coloca no comando da seleção um nome de grande influência e competência no futebol e de sabida atividade política pelo Partido Comunista.
O eterno João Saldanha ilustre jornalista, político e técnico de futebol, aliás o futebol depois das mulheres foi a sua grande paixão.
Com rara maestria assume essa tarefa e nos classifica com sobras para a Copa do Mundo e ainda por cima, como grande favorito para a conquista do tão sonhado tri-campeonato.
Com uma reação típica de país de terceiro mundo, somos tomados de um sentimento ufanista.
Naquele momento o futebol no Brasil assume o papel de ópio do povo nos mesmos moldes com que Karl Marx se referia às religiões.
Vendo aquele quadro patético de alienação da sociedade, o Eice observador cede a um temor que carregou o tempo todo nesta expedição ao passado, a de que independente da época, o povo na realidade é um rebanho de gado, que de uma certa forma acostumou-se a ser tangido e essa inércia cosnstatada era alarmante.
Fechando o ciclo da doce alienção, no ano seguinte, somos brindados com a conquista da Copa do Mundo no México!
O Brasil agora era tri-campeão mundial!!!
O ápice desse sentimento ufanista e que foi sabiamente aproveitado durante muito tempo, traduziu-se através do lema "Pra Frente Brasil, Salve a Seleção"
Ao retornar para o seu "laboratório", o Eice é tomado de um sentimento de profunda tristeza ao constatar a mesma postura na sociedade dos dias atuais.
Enquanto a população se contentava com festas de cunho popular e se desligando da realidade cotidiana, um grupo de rábulas estava pilhando o país de uma forma além de indecente, extremamente voraz e perigosa...
LC OLIV
terça-feira, 28 de abril de 2015
... Uma vez em segurança, notou que aos poucos a escaramuça foi arrefecendo.
As pessoas se dispersando até mesmo para fugirem da ação policial que a essa altura, era extremamente violenta.
Já a caminho de casa ainda muito assustado pelo que acabara de presenciar, aliás algo que jamais poderia supor que pudesse acontecer um dia consigo, principalmente levando em consideração o fato de presenciar a perda de um amigo de uma forma tão violenta.
Esse tipo de choque na realidade viria a demonstrar claramente, o quanto os envolvidos naqueles protestos estavam despreparados para o que se propunham a fazer.
Para o Eice observador ficou evidente o que se urdia por trás das cortinas do cenário político nacional.
Mais uma vez a história se repetia, grupos antagônicos se degladiando em busca de uma verdade que muitos sequer sabiam qual era.
Em alguns momentos, as manobras chegavam a lembrar a Teoria da Conspiração dos Illuminati, que nada mais era do que fomentar conflitos entre grupos opostos, que ao longo do tempo tenderiam a se enfraquecer e a partir desta fragilidade resultante, viriam a se beneficiar de uma forma anônima, com os rumos que os acontecimentos tomariam, permitindo um ganho significativo para os seus idealizadores.
Já próximo de sua casa, tinha que passar por um processo de controle emocional, onde ninguém de sua família viesse a perceber ou sequer supor, mesmo que remotamente, das atividades em que estava metido.
Aqui cabe um parênteses de cunho explicativo para tal procedimento e ao mesmo tempo que justificasse essa necessidade.
O Eice vinha de uma família com tradição em atividades políticas.
Ostentava com orgulho, o fato de ser primo do Tenente Siqueira Campos que fez parte da história do país, quando teve papel de destaque em alguns episódios que viriam a ser conhecidos mais tarde como os movimentos tenentistas.
Além da participação do Movimento do Forte de Copacabana, o Tenente Siqueira Campos também participou da Coluna Prestes, que dispensa maiores comentários, dada à sua importância, inclusive devidamente gravada nos anais da nossa história.
Nesta época,o final da década de sessenta, mais precisamente o ano de 1969, a repressão embora não fosse muito temida, já dava mostras do quanto viria a ser perigosa para aqueles que viessem a contestar essa nova ordem política.
Outra pessoa de sua família que teve um papel neste processo foi seu pai, que na condição de jornalista ajudou a denunciar através da imprensa, a intenção do governo brasileiro de enviar tropas para participar da Guerra da Coréia, na década de cinquenta.
A publicação desta notícia não só abortou a iniciativa, como viria mais tarde a valer uma série de retaliações contra o seu pai, o que obrigou a sua família a ter que se esconder e a viver de uma forma clandestina durante muitos anos.
Embora esse fato tenha ocorrido, como foi dito na década de cinquenta, o seu pai ainda não estava totalmente livre de qualquer tipo de ação oficial, daí a extrema cautela para todo e qualquer tipo de atividade de cunho político, naquela família...
LC OLIV
As pessoas se dispersando até mesmo para fugirem da ação policial que a essa altura, era extremamente violenta.
Já a caminho de casa ainda muito assustado pelo que acabara de presenciar, aliás algo que jamais poderia supor que pudesse acontecer um dia consigo, principalmente levando em consideração o fato de presenciar a perda de um amigo de uma forma tão violenta.
Esse tipo de choque na realidade viria a demonstrar claramente, o quanto os envolvidos naqueles protestos estavam despreparados para o que se propunham a fazer.
Para o Eice observador ficou evidente o que se urdia por trás das cortinas do cenário político nacional.
Mais uma vez a história se repetia, grupos antagônicos se degladiando em busca de uma verdade que muitos sequer sabiam qual era.
Em alguns momentos, as manobras chegavam a lembrar a Teoria da Conspiração dos Illuminati, que nada mais era do que fomentar conflitos entre grupos opostos, que ao longo do tempo tenderiam a se enfraquecer e a partir desta fragilidade resultante, viriam a se beneficiar de uma forma anônima, com os rumos que os acontecimentos tomariam, permitindo um ganho significativo para os seus idealizadores.
Já próximo de sua casa, tinha que passar por um processo de controle emocional, onde ninguém de sua família viesse a perceber ou sequer supor, mesmo que remotamente, das atividades em que estava metido.
Aqui cabe um parênteses de cunho explicativo para tal procedimento e ao mesmo tempo que justificasse essa necessidade.
O Eice vinha de uma família com tradição em atividades políticas.
Ostentava com orgulho, o fato de ser primo do Tenente Siqueira Campos que fez parte da história do país, quando teve papel de destaque em alguns episódios que viriam a ser conhecidos mais tarde como os movimentos tenentistas.
Além da participação do Movimento do Forte de Copacabana, o Tenente Siqueira Campos também participou da Coluna Prestes, que dispensa maiores comentários, dada à sua importância, inclusive devidamente gravada nos anais da nossa história.
Nesta época,o final da década de sessenta, mais precisamente o ano de 1969, a repressão embora não fosse muito temida, já dava mostras do quanto viria a ser perigosa para aqueles que viessem a contestar essa nova ordem política.
Outra pessoa de sua família que teve um papel neste processo foi seu pai, que na condição de jornalista ajudou a denunciar através da imprensa, a intenção do governo brasileiro de enviar tropas para participar da Guerra da Coréia, na década de cinquenta.
A publicação desta notícia não só abortou a iniciativa, como viria mais tarde a valer uma série de retaliações contra o seu pai, o que obrigou a sua família a ter que se esconder e a viver de uma forma clandestina durante muitos anos.
Embora esse fato tenha ocorrido, como foi dito na década de cinquenta, o seu pai ainda não estava totalmente livre de qualquer tipo de ação oficial, daí a extrema cautela para todo e qualquer tipo de atividade de cunho político, naquela família...
LC OLIV
quarta-feira, 1 de abril de 2015
... O Palco e o Tempo
Um dia qualquer do ano de 1969.
No âmbito político do país, o auge dos efeitos do AI-5.
São quinze horas de uma quarta feira desinteressante.
Uma grande concentração de estudantes na Av. Ipiranga, uma artéria emblemática do centro da cidade de São Paulo.
Na confluência com a Rua da Consolação próxima da grande igreja, esse mesmo grupo composto de aproximadamente trezentes pessoas, desce como um bloco em direção à Praça da República.
Chegando em frente ao Hilton Hotel, já quase na esquina da Rua Major Sertório, mais precisamente na rua Araújo, aglomeram-se desordenadamente e gritam palavras de ordem como repúdio por um estabelecimento de origem estrangeira, algo muito comum nos protestos de então.
As hostilidades na realidade eram desnecessárias, visto que ofender o pessoal de um hotel americano não era uma coisa muito inteligente, mas na época aquilo era um exemplo típico da ação visceral e portanto, pouco sensata, que as manifestações tinham como perfil.
O foco era demonstrar a insatisfação que alguns segmentos da sociedade tinham pelos rumos nada democráticos que o país estava tomando e a crescente influência do capital estrangeiro na economia do país.
A impressão incial que Eice teve como expectador, foi novamente a ideia de insetos manipulados.
Reiniciando cortejo e chegando na altura do Edifício Itália, já bem próximos da Av. São Luís, os estudantes foram confrontados por uma tropa de cavalaria, que subia na direção contrária com extrema truculência, agredindo tudo que surgia pelo caminho, com o objetivo de dispersar a qualquer custo, aquela horda de baderneiros.
A ideia de rotulá-los como ameaças à segurança nacional, surgiria mais tarde até como uma sofistificação dos organismo de inteligência, que na época norteavam as ações do governo e interferiam em todos os setores da vida política e econômica do país, não como um "norte" a ser seguido, mas algo a ser temido.
O confronto foi como de se esperar, um pequeno massacre.
Os estudantes além do estardalhaço, a única coisa que dispunham eram alguns poucos que portavam estranhos sacos de tecidos, presos à cintura, repletos de bolinhas de gude. Outros as transportavam nos bolsos das próprias calças.
Com a chegada dos cavalos, os jovens jogavam as bolinhas de gude que acabavam por derrubar os pobres animais e seus respectivos cavaleiros.
Foi tomado de um grande emoção que o Eice se viu um adolescente de 16 anos, magérrimo, olhos arregalados, jogando as tais bolinhas e alertando aos brados, para a chegada dos "frações aparentes".
Essa era uma gíria, ou código que usavam para identificar a tropa de cavalaria. Na verdade, fração aparente se caracterizava, quando o numerador era igual ao denominador, na realidade um inteiro.
Muitos estudantes apanharam mais tarde quando os policiais entenderam o significado dessa intrigante e pouco elogiosa denominação.
A escaramuça foi muito desigual. Enquanto os policiais além dos cavalos e fardas protetoras, portavam cassetetes, bomba de efeito moral e armas de fogo, os estudantes eram tremendamente vulneráveis e não dispunham de nenhuma forma de proteção...
Além da gritaria e deslocamentos rápidos, pouco ou nada podiam fazer.
Do lado oposto à Praça da República, exatamente entre as rua Barão de Itapetininga e Sete de Abril, cerca de meia dúzia desses garotos, foram encurralados por policiais.
Ao tentarem desordenadamente fugirem, foram agredidos e repentinamente, ouve-se o estampido de um tiro.
Assustado como um coelho, Eice vê o seu companheiro a menos de um metro de si, tombar alvejado por um tiro no rosto.
O choque foi tão grande que ele ficou por alguns instantes petrificado, o que o deixou vulnerável.
A tensão foi tamanha que provocou no Eice expectador a decisão de interferir na cena para salvar a si próprio, tamanho foi o impulso de preservação.
Tal ato criaria um dilema, pois a sua proposta de retorno era a de ser apenas um mero observador, mas diante do risco agiu por impulso.
Num salto típico dos movimentos de um artista marcial, agarra o garoto pelo braço e o arrasta para fora da zona de perigo.
Este meio atônito quando se dá conta do acontecido, tenta agradecer, mas o "seu velho eu", já tinha se afastado e misturado-se ao caos de pessoas.
A visão do seu amigo e colega de escola caído no chão envolto numa poça de sangue, criou um trauma que o acompanharia por um longo tempo de sua vida...
LC OLIV
Um dia qualquer do ano de 1969.
No âmbito político do país, o auge dos efeitos do AI-5.
São quinze horas de uma quarta feira desinteressante.
Uma grande concentração de estudantes na Av. Ipiranga, uma artéria emblemática do centro da cidade de São Paulo.
Na confluência com a Rua da Consolação próxima da grande igreja, esse mesmo grupo composto de aproximadamente trezentes pessoas, desce como um bloco em direção à Praça da República.
Chegando em frente ao Hilton Hotel, já quase na esquina da Rua Major Sertório, mais precisamente na rua Araújo, aglomeram-se desordenadamente e gritam palavras de ordem como repúdio por um estabelecimento de origem estrangeira, algo muito comum nos protestos de então.
As hostilidades na realidade eram desnecessárias, visto que ofender o pessoal de um hotel americano não era uma coisa muito inteligente, mas na época aquilo era um exemplo típico da ação visceral e portanto, pouco sensata, que as manifestações tinham como perfil.
O foco era demonstrar a insatisfação que alguns segmentos da sociedade tinham pelos rumos nada democráticos que o país estava tomando e a crescente influência do capital estrangeiro na economia do país.
A impressão incial que Eice teve como expectador, foi novamente a ideia de insetos manipulados.
Reiniciando cortejo e chegando na altura do Edifício Itália, já bem próximos da Av. São Luís, os estudantes foram confrontados por uma tropa de cavalaria, que subia na direção contrária com extrema truculência, agredindo tudo que surgia pelo caminho, com o objetivo de dispersar a qualquer custo, aquela horda de baderneiros.
A ideia de rotulá-los como ameaças à segurança nacional, surgiria mais tarde até como uma sofistificação dos organismo de inteligência, que na época norteavam as ações do governo e interferiam em todos os setores da vida política e econômica do país, não como um "norte" a ser seguido, mas algo a ser temido.
O confronto foi como de se esperar, um pequeno massacre.
Os estudantes além do estardalhaço, a única coisa que dispunham eram alguns poucos que portavam estranhos sacos de tecidos, presos à cintura, repletos de bolinhas de gude. Outros as transportavam nos bolsos das próprias calças.
Com a chegada dos cavalos, os jovens jogavam as bolinhas de gude que acabavam por derrubar os pobres animais e seus respectivos cavaleiros.
Foi tomado de um grande emoção que o Eice se viu um adolescente de 16 anos, magérrimo, olhos arregalados, jogando as tais bolinhas e alertando aos brados, para a chegada dos "frações aparentes".
Essa era uma gíria, ou código que usavam para identificar a tropa de cavalaria. Na verdade, fração aparente se caracterizava, quando o numerador era igual ao denominador, na realidade um inteiro.
Muitos estudantes apanharam mais tarde quando os policiais entenderam o significado dessa intrigante e pouco elogiosa denominação.
A escaramuça foi muito desigual. Enquanto os policiais além dos cavalos e fardas protetoras, portavam cassetetes, bomba de efeito moral e armas de fogo, os estudantes eram tremendamente vulneráveis e não dispunham de nenhuma forma de proteção...
Além da gritaria e deslocamentos rápidos, pouco ou nada podiam fazer.
Do lado oposto à Praça da República, exatamente entre as rua Barão de Itapetininga e Sete de Abril, cerca de meia dúzia desses garotos, foram encurralados por policiais.
Ao tentarem desordenadamente fugirem, foram agredidos e repentinamente, ouve-se o estampido de um tiro.
Assustado como um coelho, Eice vê o seu companheiro a menos de um metro de si, tombar alvejado por um tiro no rosto.
O choque foi tão grande que ele ficou por alguns instantes petrificado, o que o deixou vulnerável.
A tensão foi tamanha que provocou no Eice expectador a decisão de interferir na cena para salvar a si próprio, tamanho foi o impulso de preservação.
Tal ato criaria um dilema, pois a sua proposta de retorno era a de ser apenas um mero observador, mas diante do risco agiu por impulso.
Num salto típico dos movimentos de um artista marcial, agarra o garoto pelo braço e o arrasta para fora da zona de perigo.
Este meio atônito quando se dá conta do acontecido, tenta agradecer, mas o "seu velho eu", já tinha se afastado e misturado-se ao caos de pessoas.
A visão do seu amigo e colega de escola caído no chão envolto numa poça de sangue, criou um trauma que o acompanharia por um longo tempo de sua vida...
LC OLIV
sexta-feira, 20 de março de 2015
...Com as mudanças, nota-se claramente o surgimento de um mundo exacerbadamente tecnológico e medíocre.
Discussões humanistas já não tem mais tanta importância. O surgimento de novos paradigmas reescrevendo os conceitos e a importância dos valores sociais. Em alguns aspectos o homem deixando de ser o centro das atividades para ceder espaço para as novas tecnologias que passam a exercer um papel acima do devido.
Além dessas alarmantes observações, ainda segundo a sua análise, outras consequências preocupantes.
O consumo endêmico e crescente de drogas, que já há muito deixou de ser um vício tipicamente de jovens, chegando a ponto de se disseminar em praticamente todas as camadas sociais, independente de faixa etária, gerando como produto final algo estarrecedor, um contigente de alienados.
Envolto nesses pensamentos, Eice se prepara para empreender uma nova viagem no tempo, para uma parte do palco destes funestos acontecimentos.
Está análise também permitiu mais uma constatação não menos devastadora.
Como essa geração de jovens caminhou na direção de uma alienação total, ela arrasta atrás de si as gerações seguintes, trazendo também essa falta de interação com a realidade cotidiana, como um padrão a ser seguido.
De alguma forma, fica em Eice a impressão que esse estado de coisas tem uma intenção previamente planejada, observando-se as manipulações iniciadas nessa fase e os rumos decorrentes dessa nova ordem.
Nesta viagem ele será um mero observador, sem nenhuma caracterização "heróica", coletando fatos que mais tarde passarão por um ordenamento que lhe permitirá um entendimento mais preciso e amplo, sobre um período do qual fez parte, inclusive como uma formiguinha que gostava de participar ativamente dos protestos de rua, apesar dos seus dezesseis anos de idade.
Passados pouco mais de quarenta anos e vendo o rumo que esses movimentos tomaram e analisando e situação caótica pela qual o país passa, Eice voltou àquele pensamento que tanto o incomodava, não só pela condição de vida das pessoas, mas principalmente pela forma pouco escrupulosa a que eram expostas.
Na realidade todos os envolvidos nos confrontos ideológicos da época e que tinham como origem, ações devidamente planejadas em instãncias muito superiores, remontando aos protagonistas maiores do grande embate do século, a Guerra Fria, onde dois blocos dominadores se degladiavam pela posse do mundo.
Por mais que detestasse essa comparação, ela era indefectível e surgia toda vez que empreendia uma análise comportamental.
Era uma triste constatação, mas a humanidade e isso era provado através de fatos, era composta de uma grande maioria de pessoas classificadas como "emocionais", devidamente irmanadas com os chamados "operacionais", manipuladas por uma parcela ínfima de "racionais" que os estimulavam e os direcionavam segundo os seus próprios interesses...
LC OLIV
Discussões humanistas já não tem mais tanta importância. O surgimento de novos paradigmas reescrevendo os conceitos e a importância dos valores sociais. Em alguns aspectos o homem deixando de ser o centro das atividades para ceder espaço para as novas tecnologias que passam a exercer um papel acima do devido.
Além dessas alarmantes observações, ainda segundo a sua análise, outras consequências preocupantes.
O consumo endêmico e crescente de drogas, que já há muito deixou de ser um vício tipicamente de jovens, chegando a ponto de se disseminar em praticamente todas as camadas sociais, independente de faixa etária, gerando como produto final algo estarrecedor, um contigente de alienados.
Envolto nesses pensamentos, Eice se prepara para empreender uma nova viagem no tempo, para uma parte do palco destes funestos acontecimentos.
Está análise também permitiu mais uma constatação não menos devastadora.
Como essa geração de jovens caminhou na direção de uma alienação total, ela arrasta atrás de si as gerações seguintes, trazendo também essa falta de interação com a realidade cotidiana, como um padrão a ser seguido.
De alguma forma, fica em Eice a impressão que esse estado de coisas tem uma intenção previamente planejada, observando-se as manipulações iniciadas nessa fase e os rumos decorrentes dessa nova ordem.
Nesta viagem ele será um mero observador, sem nenhuma caracterização "heróica", coletando fatos que mais tarde passarão por um ordenamento que lhe permitirá um entendimento mais preciso e amplo, sobre um período do qual fez parte, inclusive como uma formiguinha que gostava de participar ativamente dos protestos de rua, apesar dos seus dezesseis anos de idade.
Passados pouco mais de quarenta anos e vendo o rumo que esses movimentos tomaram e analisando e situação caótica pela qual o país passa, Eice voltou àquele pensamento que tanto o incomodava, não só pela condição de vida das pessoas, mas principalmente pela forma pouco escrupulosa a que eram expostas.
Na realidade todos os envolvidos nos confrontos ideológicos da época e que tinham como origem, ações devidamente planejadas em instãncias muito superiores, remontando aos protagonistas maiores do grande embate do século, a Guerra Fria, onde dois blocos dominadores se degladiavam pela posse do mundo.
Por mais que detestasse essa comparação, ela era indefectível e surgia toda vez que empreendia uma análise comportamental.
Era uma triste constatação, mas a humanidade e isso era provado através de fatos, era composta de uma grande maioria de pessoas classificadas como "emocionais", devidamente irmanadas com os chamados "operacionais", manipuladas por uma parcela ínfima de "racionais" que os estimulavam e os direcionavam segundo os seus próprios interesses...
LC OLIV
sexta-feira, 13 de março de 2015
...Em algumas partes do mundo, foram extremamente veementes, resultando em verdadeiros confrontos pelas ruas, dando sinais de um divisor de épocas e que mudanças significativas estavam em curso.
Acreditava que esse movimento de contra cultura iniciado na década de 60, que na sua visão talvez tenha sido uma das décadas mais importantes por tudo que produziu. Essa constatação foi possível de se notar em todos os campos da atividade humana e tudo isso foi rapidamente descaracterizado, e a partir daí, tenha tomado um rumo em que os protagonistas não se deram conta.
Essa mesma contra cultura teve o seu ápice durante os protestos que o mundo presenciou contra a Guerra do Vietnã.
As manifestações tomaram corpo e multiplicaram-se por todas as partes do planeta.
As músicas de protesto desempenharam um importante papel como instrumento destas manifestações, assumindo uma condição de vanguarda junto aos jovens, como porta vozes desses anseios.
Vários festivais musicais/contestatórios aconteceram pelo mundo, onde a tônica era o repúdio contra toda e qualquer estrutura que oprimisse anseios de liberdade.
O ápice desta trajetória, talvez tenha sido o Festival de Woodstock, onde conseguiu se reunir de uma forma que nunca se tenha visto antes, uma quantidade tão significativa de grandes músicos ligados e comprometidos com essa linha comportamental, criando em torno deste evento uma enorme expectativa.
O establishment, ou seja, uma ordem ideológica que na realidade não tinha nome e nem uma face que a caracterizasse, mas que se traduzia através de uma ideologia extremamente hábil e bem montada, parte para uma contra ofensiva já no próprio festival, alterando o foco e dando uma enorme ênfase para características de menor relevância que acabaram diluindo a importância do que se buscava.
Os hippies com o seu amor livre, o descomprometimento com as causas, uma postura alienada em relação à realidade como se dela não fizessem parte, o consumo exagerado de drogas, passaram como que subliminarmente a serem o foco maior daquele momento, o que permitiu uma falta de consequências de maior peso com o que se preconizava no início do evento. Todos os esforços empreendido naquele momento foram drasticamente alterados.
Os músicos passam a a ser estigmatizados mais pelo consumo de drogas do que pelo conteúdo de suas obras, aliás inconvenientes para muitos.
A partir dessa reação, todo um trabalho que muitas pessoas de grande importância desenvolveram, algumas com o custo de suas próprias vidas, foi diluído e acabou sendo absorvido sem nenhuma resistência e percepção por parte dos envolvidos, que de protagonistas passaram a meros e passivos espectadores. Novamente a incômoda idéia de formigas manipuladas.
Talvez isso explique a grande lacuna existente na cultura contemporânea em decorrência dessa mutação. A música perdeu a sua essência e a alma quanto ao conteúdo, o mesmo se dando com quase todas as manifestações artísticas.
As atividades da cultura humanista sofrem um grande revés e cedem lugar para o surgimento do tecnicismo, aliás a última grande revolução que o mundo presenciou. Criou-se uma nova ordem mundial e essas mudanças se deram de uma maneira tão sutil, sem nenhum tipo de resistência, ou até mesmo consciência para essas mudanças por parte das pessoas. Novamente aquele idéia reincidente sobre insetos tolos e manipulados... LC OLIV
Acreditava que esse movimento de contra cultura iniciado na década de 60, que na sua visão talvez tenha sido uma das décadas mais importantes por tudo que produziu. Essa constatação foi possível de se notar em todos os campos da atividade humana e tudo isso foi rapidamente descaracterizado, e a partir daí, tenha tomado um rumo em que os protagonistas não se deram conta.
Essa mesma contra cultura teve o seu ápice durante os protestos que o mundo presenciou contra a Guerra do Vietnã.
As manifestações tomaram corpo e multiplicaram-se por todas as partes do planeta.
As músicas de protesto desempenharam um importante papel como instrumento destas manifestações, assumindo uma condição de vanguarda junto aos jovens, como porta vozes desses anseios.
Vários festivais musicais/contestatórios aconteceram pelo mundo, onde a tônica era o repúdio contra toda e qualquer estrutura que oprimisse anseios de liberdade.
O ápice desta trajetória, talvez tenha sido o Festival de Woodstock, onde conseguiu se reunir de uma forma que nunca se tenha visto antes, uma quantidade tão significativa de grandes músicos ligados e comprometidos com essa linha comportamental, criando em torno deste evento uma enorme expectativa.
O establishment, ou seja, uma ordem ideológica que na realidade não tinha nome e nem uma face que a caracterizasse, mas que se traduzia através de uma ideologia extremamente hábil e bem montada, parte para uma contra ofensiva já no próprio festival, alterando o foco e dando uma enorme ênfase para características de menor relevância que acabaram diluindo a importância do que se buscava.
Os hippies com o seu amor livre, o descomprometimento com as causas, uma postura alienada em relação à realidade como se dela não fizessem parte, o consumo exagerado de drogas, passaram como que subliminarmente a serem o foco maior daquele momento, o que permitiu uma falta de consequências de maior peso com o que se preconizava no início do evento. Todos os esforços empreendido naquele momento foram drasticamente alterados.
Os músicos passam a a ser estigmatizados mais pelo consumo de drogas do que pelo conteúdo de suas obras, aliás inconvenientes para muitos.
A partir dessa reação, todo um trabalho que muitas pessoas de grande importância desenvolveram, algumas com o custo de suas próprias vidas, foi diluído e acabou sendo absorvido sem nenhuma resistência e percepção por parte dos envolvidos, que de protagonistas passaram a meros e passivos espectadores. Novamente a incômoda idéia de formigas manipuladas.
Talvez isso explique a grande lacuna existente na cultura contemporânea em decorrência dessa mutação. A música perdeu a sua essência e a alma quanto ao conteúdo, o mesmo se dando com quase todas as manifestações artísticas.
As atividades da cultura humanista sofrem um grande revés e cedem lugar para o surgimento do tecnicismo, aliás a última grande revolução que o mundo presenciou. Criou-se uma nova ordem mundial e essas mudanças se deram de uma maneira tão sutil, sem nenhum tipo de resistência, ou até mesmo consciência para essas mudanças por parte das pessoas. Novamente aquele idéia reincidente sobre insetos tolos e manipulados... LC OLIV
sábado, 7 de março de 2015
...Estes movimentos acabaram sendo exportados para várias partes do mundo, inclusive o Brasil, que de uma certa forma, caminhava na contra mão das tendências do momento, em virtude de mudanças políticas, decorrentes de um retrocesso em sua vida democrática.
Um golpe militar empreendido em 1964, traria em seu bojo, a supressão das liberdades, com uma crescente repressão a todo e qualquer tipo de contestação a essas novas orientações institucionais e um trabalho primorosamente elaborado no sentido de criar uma população totalmente alienada e indiferente para as mudanças em curso.
Parte deste trabalho visava criar nessa mesma população, a ideia de que política era algo extremamente sujo e nocivo e que todos deveriam dela se apartar a fim de não se contaminarem.
Para o Eice isso era algo extremamente absurdo, pois sempre defendeu a ideia, mesmo que empiricamente, de que desde os seus primórdios quando o homem passou a viver em grupos, a política deveria ser uma de suas atividades mais importantes, pois dela decorreriam, ou deveria assim ser, a forma de encontrar as melhores alternativas de bem estar para as comunidades.
Assim surgiram as primeiras sociedades e a evolução através dos tempos, nos trouxe às formatações sociais contemporâneas.
Ao constatarmos a alienação popular nos dias de hoje em relação a essa atividade, e as aberrações que compõem a nossa classe política, podemos concluir que a ação inciada lá atrás, na década de 60, surtiu o efeito esperado, com um êxito extraordinariamente acima do imaginável.
Vale lembrar que nessa época, as pessoas eram politicamente muito mais esclarecidas quando comparadas com as dos dias atuais.
A classe intelectual de então, além de ser qualitativamente muito superior quando comparada com as que se sucederam, tinham também um poder de influência inegavelmente superior.
As suas manifestações além de mais significativas, eram mais constantes.
A sua influência era tão manifesta, que foi o alvo mais visado pelos mentores da nova orientação ideológica que se instalava no país.
Embora nunca tenha tido uma formação acadêmica nas áreas ditas sociais, Eice sempre teve preocupações neste sentido quando de suas análises.
Enquanto boa parte da intelectualidade mundial discutia temas empolgantes e efervescentes, como o existencialismo de Sarte, o Capital de Karl Marx com a rediscussão sobre as relações entre o capital e o trabalho, o Manifesto Comunista de Marx e Hengels.
As repercussões da Revolução Russa que culminou com a criação da União Soviética, um capítulo à parte na história contemporânea, quando se verificou por décadas o embate maniqueísta da Guerra Fria.
As vanguardas intelectuais no mundo discutindo febrilmente as implicações do conceitos de inconsciente coletivo e os arquétipos de Jung e outros manifestos de filósofos, os jovens de boa parte do mundo optaram pelo protesto como uma linha de ação...
LC OLIV
Um golpe militar empreendido em 1964, traria em seu bojo, a supressão das liberdades, com uma crescente repressão a todo e qualquer tipo de contestação a essas novas orientações institucionais e um trabalho primorosamente elaborado no sentido de criar uma população totalmente alienada e indiferente para as mudanças em curso.
Parte deste trabalho visava criar nessa mesma população, a ideia de que política era algo extremamente sujo e nocivo e que todos deveriam dela se apartar a fim de não se contaminarem.
Para o Eice isso era algo extremamente absurdo, pois sempre defendeu a ideia, mesmo que empiricamente, de que desde os seus primórdios quando o homem passou a viver em grupos, a política deveria ser uma de suas atividades mais importantes, pois dela decorreriam, ou deveria assim ser, a forma de encontrar as melhores alternativas de bem estar para as comunidades.
Assim surgiram as primeiras sociedades e a evolução através dos tempos, nos trouxe às formatações sociais contemporâneas.
Ao constatarmos a alienação popular nos dias de hoje em relação a essa atividade, e as aberrações que compõem a nossa classe política, podemos concluir que a ação inciada lá atrás, na década de 60, surtiu o efeito esperado, com um êxito extraordinariamente acima do imaginável.
Vale lembrar que nessa época, as pessoas eram politicamente muito mais esclarecidas quando comparadas com as dos dias atuais.
A classe intelectual de então, além de ser qualitativamente muito superior quando comparada com as que se sucederam, tinham também um poder de influência inegavelmente superior.
As suas manifestações além de mais significativas, eram mais constantes.
A sua influência era tão manifesta, que foi o alvo mais visado pelos mentores da nova orientação ideológica que se instalava no país.
Embora nunca tenha tido uma formação acadêmica nas áreas ditas sociais, Eice sempre teve preocupações neste sentido quando de suas análises.
Enquanto boa parte da intelectualidade mundial discutia temas empolgantes e efervescentes, como o existencialismo de Sarte, o Capital de Karl Marx com a rediscussão sobre as relações entre o capital e o trabalho, o Manifesto Comunista de Marx e Hengels.
As repercussões da Revolução Russa que culminou com a criação da União Soviética, um capítulo à parte na história contemporânea, quando se verificou por décadas o embate maniqueísta da Guerra Fria.
As vanguardas intelectuais no mundo discutindo febrilmente as implicações do conceitos de inconsciente coletivo e os arquétipos de Jung e outros manifestos de filósofos, os jovens de boa parte do mundo optaram pelo protesto como uma linha de ação...
LC OLIV
sábado, 28 de fevereiro de 2015
... Tinha dúvidas com relação a época, já que agora dispunha da capacidade de se catapultar para a data que desejasse, isso graças ao processo de internalização de intenções aprendido com os seus amigos e colegas da Liga.
Além de tentar interferir nas situações de injustiça que testemunhou nas várias partes do centro velho da cidade e que clamavam por uma ação imediata, tinha um fascínio por alguns eventos do passado.
Era uma coisa que o interessava vivamente por vários motivos.
Primeiro, porque a época em que os fatos ocorreram, se deu no final da década de sessenta, alguns anos após o golpe militar de 1964.
Queria vivenciar, como expectador, o clima de mudança institucional, pelo qual a população da maior cidade do país passou, já que sair de uma vida democrática e entrar num regime militar onde os conceitos de liberdade foram significativamente alterados, era algo que despertava inúmeras indagações em seu íntimo.
Segundo, porque queria se ver ainda garoto, participando ativamente das manifestações estudantis que pipocavam pelas rus a em sinal de protesto pela situação então vigente.
Depois de muitas dúvidas, acabou optando pela visita política, para poder sentir novamente. no palco dos acontecimentos, a intensidade dos ventos soturnos que sopraram por mais de vinte anos, em nossa sociedade.
Estabelecimento da Época
Ano de 1969, o mundo passando por movimentos sociais aspirando mudanças.
Da Europa, uma chama vinda mais precisamente da Inglaterra, através de um conjunto musical que inicia um processo de ruptura, ainda no início da década, com algumas das estruturas formais, principalmente na área comportamental, através de uma música que viria a influenciar vários setores da sociedade. Uma música que se contraditava com tudo que existia na época.
Esse estado mental preconizador de mudanças, desencadeou como um poderoso catalisador, movimentos populares em várias partes do mundo, onde a tônica era o questionamento do establishment, mesmo que isso implicasse em não se ter alternativas para uma determinada direção, ainda assim, o que se pretendia era alterar o que existia.
Tal postura lembrava muito um movimento cultural brasileiro que ficou conhecido mais tarde, como A Semana de Arte Moderna, que tinha como lema central, a seguinte frase:: "Não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos".
Na França e talvez também em decorrência desta mesma semente germinada no outro lado do canal, os estudantes tomaram a frente dessa grande onda de insatisfação e protagonizaram grandes movimentos contestatórios, chegando a colocar em check a estrutura formal então vigente, tamanha intensidade que os protestos alcançaram e mais tarde esse mesmo movimento, ficou conhecido mundialmente como "A Primavera de 68"...
Talvez desde o final da Segunda Guerra, não tenha se verificado em solo francês, algo com a magnitude daquela verdadeira avalanche de consciência que mobilizou a sociedade de uma forma tão veemente...
LC OLIV
Além de tentar interferir nas situações de injustiça que testemunhou nas várias partes do centro velho da cidade e que clamavam por uma ação imediata, tinha um fascínio por alguns eventos do passado.
Era uma coisa que o interessava vivamente por vários motivos.
Primeiro, porque a época em que os fatos ocorreram, se deu no final da década de sessenta, alguns anos após o golpe militar de 1964.
Queria vivenciar, como expectador, o clima de mudança institucional, pelo qual a população da maior cidade do país passou, já que sair de uma vida democrática e entrar num regime militar onde os conceitos de liberdade foram significativamente alterados, era algo que despertava inúmeras indagações em seu íntimo.
Segundo, porque queria se ver ainda garoto, participando ativamente das manifestações estudantis que pipocavam pelas rus a em sinal de protesto pela situação então vigente.
Depois de muitas dúvidas, acabou optando pela visita política, para poder sentir novamente. no palco dos acontecimentos, a intensidade dos ventos soturnos que sopraram por mais de vinte anos, em nossa sociedade.
Estabelecimento da Época
Ano de 1969, o mundo passando por movimentos sociais aspirando mudanças.
Da Europa, uma chama vinda mais precisamente da Inglaterra, através de um conjunto musical que inicia um processo de ruptura, ainda no início da década, com algumas das estruturas formais, principalmente na área comportamental, através de uma música que viria a influenciar vários setores da sociedade. Uma música que se contraditava com tudo que existia na época.
Esse estado mental preconizador de mudanças, desencadeou como um poderoso catalisador, movimentos populares em várias partes do mundo, onde a tônica era o questionamento do establishment, mesmo que isso implicasse em não se ter alternativas para uma determinada direção, ainda assim, o que se pretendia era alterar o que existia.
Tal postura lembrava muito um movimento cultural brasileiro que ficou conhecido mais tarde, como A Semana de Arte Moderna, que tinha como lema central, a seguinte frase:: "Não sabemos o que queremos, mas sabemos o que não queremos".
Na França e talvez também em decorrência desta mesma semente germinada no outro lado do canal, os estudantes tomaram a frente dessa grande onda de insatisfação e protagonizaram grandes movimentos contestatórios, chegando a colocar em check a estrutura formal então vigente, tamanha intensidade que os protestos alcançaram e mais tarde esse mesmo movimento, ficou conhecido mundialmente como "A Primavera de 68"...
Talvez desde o final da Segunda Guerra, não tenha se verificado em solo francês, algo com a magnitude daquela verdadeira avalanche de consciência que mobilizou a sociedade de uma forma tão veemente...
LC OLIV
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
...Este de imediato assumiu uma postura defensiva e dissimulada, evitando dar informações ou opiniões, até para a sua própria segurança. Aquela conduta na verdade fazia parte de um código comportamental, onde o principal era não se envolver para não sofrer nenhum tipo de represália, já que naquela zona como em muitas outras, não podia se contar com o poder oficial para a proteção das pessoas.
A aparente indiferença do bascolnista tinha uma justificativa, uma vez que naquela região da cidade, a contravenção tinha uma posição de controle das coisas. Na verdade era um poder que em alguns momentos não era paralelo e sim o principal, ficando o oficial relegado a um plano meramente secundário, isso quando não raro, como referendador.
Depois de insistir muito, conseguiu saber que um traficante na noite anterior tinha levado uma surra de um tipo estranhíssimo, enquanto estava cobrando uma dívida de "um bagulho" que um "nóia" tinha comprado e não pago, aliás coisa habitual naquela área.
Disse que o sujeito que interferiu, se vestia que um jeito meio diferente, falava de uma forma que não era típica dos frequentadores locais e que lutava de uma forma desconhecida quando comparada com tudo que já tinha visto, o que acabou impressionando a todos.
Havia rumores que os traficantes estavam à sua procura e que pretendiam eliminá-lo.
A última coisa que queriam era a de ter os seus negócios ameaçados por um tipo como aquele.
Já bastavam os "pedágios" que eram obrigados a pagar para "sócios indesejáveis'.
Falou também, que o pessoal estava meio agitado com os acontecimentos.
Os primeiros focos de contestação estavam surgindo e isso poderia interferir na "normalidade" das coisas.
Até as rondas dos guardas sempre raras e ineficientes, estavam mais frequentes, tentando descobrir quem era o tal sujeito.
Eice pensou consigo mesmo.
A guarda oficial quer saber quem sou, mas reprimir o comércio de drogas parece que não é uma coisa muito importante.
Essa inversão de valores era algo que o incomodava e para piorar, parecia que as pessoas não se davam conta disso, aceitando tudo aquilo de forma natural.
Tomar pé de todas as nuances daquele submundo fazia parte do seu aprendizado e aquilo seria vital para o desenvolvimento de suas ações futuras.
Convencido de que só estava no início do que se propusera fazer, voltou para casa e no seu indefectível quarto, entregou-se a um planejamento minucioso das suas futuras viagens.
Após essa marcante estréia, não tinha outra alternativa.
O Eice retornaria, pois o que tinha visto não mais lhe permitiria uma postura de indiferença.
Sim, estava decidido e esse retorno não deveria demorar muito tempo...
LC OLIV
A aparente indiferença do bascolnista tinha uma justificativa, uma vez que naquela região da cidade, a contravenção tinha uma posição de controle das coisas. Na verdade era um poder que em alguns momentos não era paralelo e sim o principal, ficando o oficial relegado a um plano meramente secundário, isso quando não raro, como referendador.
Depois de insistir muito, conseguiu saber que um traficante na noite anterior tinha levado uma surra de um tipo estranhíssimo, enquanto estava cobrando uma dívida de "um bagulho" que um "nóia" tinha comprado e não pago, aliás coisa habitual naquela área.
Disse que o sujeito que interferiu, se vestia que um jeito meio diferente, falava de uma forma que não era típica dos frequentadores locais e que lutava de uma forma desconhecida quando comparada com tudo que já tinha visto, o que acabou impressionando a todos.
Havia rumores que os traficantes estavam à sua procura e que pretendiam eliminá-lo.
A última coisa que queriam era a de ter os seus negócios ameaçados por um tipo como aquele.
Já bastavam os "pedágios" que eram obrigados a pagar para "sócios indesejáveis'.
Falou também, que o pessoal estava meio agitado com os acontecimentos.
Os primeiros focos de contestação estavam surgindo e isso poderia interferir na "normalidade" das coisas.
Até as rondas dos guardas sempre raras e ineficientes, estavam mais frequentes, tentando descobrir quem era o tal sujeito.
Eice pensou consigo mesmo.
A guarda oficial quer saber quem sou, mas reprimir o comércio de drogas parece que não é uma coisa muito importante.
Essa inversão de valores era algo que o incomodava e para piorar, parecia que as pessoas não se davam conta disso, aceitando tudo aquilo de forma natural.
Tomar pé de todas as nuances daquele submundo fazia parte do seu aprendizado e aquilo seria vital para o desenvolvimento de suas ações futuras.
Convencido de que só estava no início do que se propusera fazer, voltou para casa e no seu indefectível quarto, entregou-se a um planejamento minucioso das suas futuras viagens.
Após essa marcante estréia, não tinha outra alternativa.
O Eice retornaria, pois o que tinha visto não mais lhe permitiria uma postura de indiferença.
Sim, estava decidido e esse retorno não deveria demorar muito tempo...
LC OLIV
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
...Pelo menos naquela noite não dormir não seria para ele um problema, pelo contrário seria estimulante e gratificante.
Afinal algo que vinha consumindo toda a sua atenção nos últimos tempos, tinha acabado de acontecer e agora uma nova realidade se delineava no seu horizonte.
Finalmente deixaria de ser uma medíocre formiga.
Novas e desconhecidas trilhas estavam surgindo em sua vida e ele certamente iria explorá-las e tais ações fariam dele uma superformiga.
Envolto nesses pensamentos e sentindo os efeitos da grande descarga de adrenalina que a sua primeira expedição tinha produzido em seu organismo, acabou adormecendo, até mesmo por exaustão.
Depois de muito tempo, teve um sono profundo e sem pesadelos. Um sono reparador, o sono dos justos e por ironia, naquela noite conseguiu depois de muito tempo, produzir todos os "ninas" pelos quais o seu organismo tanta clamava.
Ao despertar, descobriu que já não precisava dos remédios para dormir, mas sim para os seus "deslocamentos".
Uma nova e inquietante questão surgia para as suas preocupações.
Ficaria ele dependente desses medicamentos?
Isso o fez lembrar de um grande detetive inglês que se notabilizou pela forma peculiar de levar a cabo suas investigações e que sabidamente, também utilizava uma droga para os seus devaneios profissionais.
Era uma questão que deveria ser tratada com muito cuidado. Talvez os seus "amigos" do hemisfério norte pudessem ajudá-lo, mas agora estava interessado em saber se a aventura da noite anterior, tinha tido alguma repercussão e quais seriam as reações das pessoas.
Embarcou no metro e retornou para o palco da sua estréia.
Anonimamente, andou vagarosamente pelas mesmas ruas, a repulsa pelo mau cheiro parercia ter arrefecido um pouco, até as imagens que tanto o chocaram na noite anterior, pareciam um pouco mais normais, levando em conta o ambiente onde estava.
Entrou numa espelunca com o nome de "Bar da Luz".
Um rapaz com um avental imundo que sugeria qualquer coisa, menos alguém lidando com comida, servia churrasco grego apregoando a promoção do dia.
Na compra de um sanduíche, de graça um copo de suco de pacote de uma marca bem ordinária.
No balcão, pediu um café.
O esforço para beber aquele troço foi enorme.
Fervido, requentado e amargo, servido num copo bastante suspeito quanto à limpeza.
Tentou entrar no assunto com o atendente de uma forma meio tímida, minimizando o conflito da noite anterior...
LC OLIV
Afinal algo que vinha consumindo toda a sua atenção nos últimos tempos, tinha acabado de acontecer e agora uma nova realidade se delineava no seu horizonte.
Finalmente deixaria de ser uma medíocre formiga.
Novas e desconhecidas trilhas estavam surgindo em sua vida e ele certamente iria explorá-las e tais ações fariam dele uma superformiga.
Envolto nesses pensamentos e sentindo os efeitos da grande descarga de adrenalina que a sua primeira expedição tinha produzido em seu organismo, acabou adormecendo, até mesmo por exaustão.
Depois de muito tempo, teve um sono profundo e sem pesadelos. Um sono reparador, o sono dos justos e por ironia, naquela noite conseguiu depois de muito tempo, produzir todos os "ninas" pelos quais o seu organismo tanta clamava.
Ao despertar, descobriu que já não precisava dos remédios para dormir, mas sim para os seus "deslocamentos".
Uma nova e inquietante questão surgia para as suas preocupações.
Ficaria ele dependente desses medicamentos?
Isso o fez lembrar de um grande detetive inglês que se notabilizou pela forma peculiar de levar a cabo suas investigações e que sabidamente, também utilizava uma droga para os seus devaneios profissionais.
Era uma questão que deveria ser tratada com muito cuidado. Talvez os seus "amigos" do hemisfério norte pudessem ajudá-lo, mas agora estava interessado em saber se a aventura da noite anterior, tinha tido alguma repercussão e quais seriam as reações das pessoas.
Embarcou no metro e retornou para o palco da sua estréia.
Anonimamente, andou vagarosamente pelas mesmas ruas, a repulsa pelo mau cheiro parercia ter arrefecido um pouco, até as imagens que tanto o chocaram na noite anterior, pareciam um pouco mais normais, levando em conta o ambiente onde estava.
Entrou numa espelunca com o nome de "Bar da Luz".
Um rapaz com um avental imundo que sugeria qualquer coisa, menos alguém lidando com comida, servia churrasco grego apregoando a promoção do dia.
Na compra de um sanduíche, de graça um copo de suco de pacote de uma marca bem ordinária.
No balcão, pediu um café.
O esforço para beber aquele troço foi enorme.
Fervido, requentado e amargo, servido num copo bastante suspeito quanto à limpeza.
Tentou entrar no assunto com o atendente de uma forma meio tímida, minimizando o conflito da noite anterior...
LC OLIV
sexta-feira, 30 de janeiro de 2015
...Chegando rápida e furtivamente à estação do metro que ele nem lembrava o nome, desceu à bilheteria, passando pela catraca, checou a direção correta pois sempre fazia confusão na hora de embarcar e esperou ansiosamente pelo trem.
Ainda excitado pelos acontecimentos, notou que aos poucos as cores estavam voltando ao normal! Coisa muito estranha!
Decidiu, assim que chegasse ao seu "laboratório", tentaria encontrar uma explicação lógica para essa estranha mutação cromática no ambiente.
Já dentro do vagão, apertou contra si a sacola onde estavam os seus disfarces, tendo a impressão que todos o olhavam com desconfiança.
Pura neurose, aliás nele isso era mais que normal.
Aos poucos e à medida que as estações se sucediam, foi recobrando a calma.
Revisou rapidamente os acontecimentos que há pouco tinha protagonizado e se imaginou comentando com o seu mestre de lutas, o golpe que utilizou. Com a descrição dos movimentos, notou em seu instrutor um sorriso de satisfação por ter feito tudo exatamente como o ensinado.
Quando se deu conta, estava falando sozinho e notou uma moça do outro lado do corredor fitando-o com uma mistura de perplexidade e compaixão.
Era evidente nos olhos dela a triste constatação de como deveria ser ruim ficar velho.
Tentando despistar, fingiu que estava cantarolando alguma coisa, virou-se de costas para ela e continuou a observando pelo reflexo do vidro da janela, meio desconcertado pelo flagrante.
Acabou se irritando.
- Merda de lugar!
- Até parece que a gente precisa de autorização ou da concordância das pessoas para poder falar sozinho!
- Se ao menos ela soubesse quem sou e do que acabei de participar, não estaria me olhando com esse ar idiota...
Ao desembarcar na estação próxima à sua casa, sentia-se mais seguro. Até o cheiro das ruas era agradável, principalmente quando lembrou daqueles odores repugnantes que tinha sido obrigado a inalar em sua grande e inesquecível primeira aventura.
Já em frente à sua casa, foi recebido por um forte e agradável aroma de dama da noite do arbusto que tinha no quintal.
Aquilo foi uma dose de pura endorfina.
No seu quarto foi tomado de uma euforia infantil, sentia-se tão extasiado e excitado como no dia da sua primeira relação sexual.
Os seus pensamentos eram acelerados.
Tudo girava em torno de uma ação que não durou mais de dez minutos.
A chegada ao local, o traficante espancando aquele pobre coitado, as primeiras ações do seu adversário, a sensação de estalo quando a sua mão deslocou o maxilar do marginal, os gritos de satisfação dos presentes... Um turbilhão de cenas...
Ainda excitado pelos acontecimentos, notou que aos poucos as cores estavam voltando ao normal! Coisa muito estranha!
Decidiu, assim que chegasse ao seu "laboratório", tentaria encontrar uma explicação lógica para essa estranha mutação cromática no ambiente.
Já dentro do vagão, apertou contra si a sacola onde estavam os seus disfarces, tendo a impressão que todos o olhavam com desconfiança.
Pura neurose, aliás nele isso era mais que normal.
Aos poucos e à medida que as estações se sucediam, foi recobrando a calma.
Revisou rapidamente os acontecimentos que há pouco tinha protagonizado e se imaginou comentando com o seu mestre de lutas, o golpe que utilizou. Com a descrição dos movimentos, notou em seu instrutor um sorriso de satisfação por ter feito tudo exatamente como o ensinado.
Quando se deu conta, estava falando sozinho e notou uma moça do outro lado do corredor fitando-o com uma mistura de perplexidade e compaixão.
Era evidente nos olhos dela a triste constatação de como deveria ser ruim ficar velho.
Tentando despistar, fingiu que estava cantarolando alguma coisa, virou-se de costas para ela e continuou a observando pelo reflexo do vidro da janela, meio desconcertado pelo flagrante.
Acabou se irritando.
- Merda de lugar!
- Até parece que a gente precisa de autorização ou da concordância das pessoas para poder falar sozinho!
- Se ao menos ela soubesse quem sou e do que acabei de participar, não estaria me olhando com esse ar idiota...
Ao desembarcar na estação próxima à sua casa, sentia-se mais seguro. Até o cheiro das ruas era agradável, principalmente quando lembrou daqueles odores repugnantes que tinha sido obrigado a inalar em sua grande e inesquecível primeira aventura.
Já em frente à sua casa, foi recebido por um forte e agradável aroma de dama da noite do arbusto que tinha no quintal.
Aquilo foi uma dose de pura endorfina.
No seu quarto foi tomado de uma euforia infantil, sentia-se tão extasiado e excitado como no dia da sua primeira relação sexual.
Os seus pensamentos eram acelerados.
Tudo girava em torno de uma ação que não durou mais de dez minutos.
A chegada ao local, o traficante espancando aquele pobre coitado, as primeiras ações do seu adversário, a sensação de estalo quando a sua mão deslocou o maxilar do marginal, os gritos de satisfação dos presentes... Um turbilhão de cenas...
sexta-feira, 23 de janeiro de 2015
...Este desabou numa linha vertical, como que implodido. Quando chegou ao chão, já estava desacordado.
Os gritos de felicitação e prazer pela cena atraíram muitas pessoas, o tumulto era grande.
Todos querendo saber o que realmente estava acontecendo.
As manifestações pareciam com a comemoração de um gol de copa do mundo, tamanha balbúrdia. A excitação era grande. Alguns gesticulavam de forma tão agressiva que chegava a parecer que eles é que tinham desferido o golpe no brutamontes.
A fascinação das pessoas por esse tipo de confronto era grande, invariavelmente irresistível, atraente e prazeirosa. Neste caso, dada à natureza do conflito, a satisfação era ainda maior e a aglomeração foi aumentando.
Muitas que tinham presenciado a escaramuça, faziam perguntas ao Eice e este meio que timidamente respondia a todos.
Alguns perguntaram quem ele era, como era o seu nome e a curiosidade maior, era saber que tipo raríssimo de luta que ele tinha se utilizado para com um único e fantástico golpe, desmontar um oponente de tamanho avantajado, inclusive em relação ao próprio Eice.
Antes de responder, ele esperou propositadamente, por um momento de maior atenção dos presentes, criando assim um clima de grande expectativa e disse de uma forma alta e pausada.
- Imoto Defesa Pessoal...
Voltando-se para o agressor daqueles miseráveis que já dava os primeiros sinais recuperação da consciência, aguardou calmamente.
Este quando recobrou completamente a lucidez, sentiu-se confuso e dando mostras de receio, encolheu ao ver o Eice o encarando.
O nosso herói foi sucinto e incisivo em sua advertência.
Sem gritar e falando pausadamente, deixou bem claro que a partir daquele momento, todos aqueles que vinham sendo expropriados de sua dignidade por traficantes como ele, logrados e até mesmo espancados, poderiam contar com a sua interferência e que aquela primeira ação tinha sido um aviso.
Retraído e tomado de surpresa pelos acontecimentos que tinha acabado de participar "ativamente" mesmo que a contra gosto, perguntou quem ele era.
- O meu nome é Eice e diga à escumalha da qual voce faz parte, que junto comigo está chegando o inferno para voces.
Sentindo que o efeito dos remédios já estavam se manifestando, afastou-se rapidamente, deixando atrás de si, um mistura de surpresa, perguntas e muita satisfação para a maioria, com um enorme burburinho daqueles infelizes. Pelo menos naquela noite ao dormir, desfrutariam o raro prazer de uma vingança como aquela que tinham acabado de presenciar...
Os gritos de felicitação e prazer pela cena atraíram muitas pessoas, o tumulto era grande.
Todos querendo saber o que realmente estava acontecendo.
As manifestações pareciam com a comemoração de um gol de copa do mundo, tamanha balbúrdia. A excitação era grande. Alguns gesticulavam de forma tão agressiva que chegava a parecer que eles é que tinham desferido o golpe no brutamontes.
A fascinação das pessoas por esse tipo de confronto era grande, invariavelmente irresistível, atraente e prazeirosa. Neste caso, dada à natureza do conflito, a satisfação era ainda maior e a aglomeração foi aumentando.
Muitas que tinham presenciado a escaramuça, faziam perguntas ao Eice e este meio que timidamente respondia a todos.
Alguns perguntaram quem ele era, como era o seu nome e a curiosidade maior, era saber que tipo raríssimo de luta que ele tinha se utilizado para com um único e fantástico golpe, desmontar um oponente de tamanho avantajado, inclusive em relação ao próprio Eice.
Antes de responder, ele esperou propositadamente, por um momento de maior atenção dos presentes, criando assim um clima de grande expectativa e disse de uma forma alta e pausada.
- Imoto Defesa Pessoal...
Voltando-se para o agressor daqueles miseráveis que já dava os primeiros sinais recuperação da consciência, aguardou calmamente.
Este quando recobrou completamente a lucidez, sentiu-se confuso e dando mostras de receio, encolheu ao ver o Eice o encarando.
O nosso herói foi sucinto e incisivo em sua advertência.
Sem gritar e falando pausadamente, deixou bem claro que a partir daquele momento, todos aqueles que vinham sendo expropriados de sua dignidade por traficantes como ele, logrados e até mesmo espancados, poderiam contar com a sua interferência e que aquela primeira ação tinha sido um aviso.
Retraído e tomado de surpresa pelos acontecimentos que tinha acabado de participar "ativamente" mesmo que a contra gosto, perguntou quem ele era.
- O meu nome é Eice e diga à escumalha da qual voce faz parte, que junto comigo está chegando o inferno para voces.
Sentindo que o efeito dos remédios já estavam se manifestando, afastou-se rapidamente, deixando atrás de si, um mistura de surpresa, perguntas e muita satisfação para a maioria, com um enorme burburinho daqueles infelizes. Pelo menos naquela noite ao dormir, desfrutariam o raro prazer de uma vingança como aquela que tinham acabado de presenciar...
sexta-feira, 16 de janeiro de 2015
...Chegando próximo ao coreto do Jardim da Luz, viu umas quinze pessoas. Estavam sendo encurraladas por um sujeito alto e corpulento.
Aos berros e proferindo uma série infindável de palavrões, cobrava uma dívida, provavelmente por compra de droga, de um rapaz esquálido, que pelo que se entendia não tinha ao menos naquele momento, como pagar.
À medida que gritava, agredia violentamente com socos e chutes o pobre coitado.
O castigo era brutal e acima do "necessário", deixando evidente que aquilo era também, para desestimular futuros mal pagadores.
O rapaz já estava bastante machucado, quando o Eice se deu conta novamente que tudo ao seu redor continuava em preto e branco, sendo que a única cor que contrastava com aquele cenário estranho, era um filete de um vermelho muito vivo de sangue que pingava do nariz e escorria para o lábio superior do infeliz indigente. Com um grito gutural, o Eice tentou intervir pondo fim àquele absurdo espancamento.
A reação de espanto do "mercador da morte", foi visível.
Afinal quem teria a petulância de intervir nos seus domínios e ainda por cima dizer a ele o que fazer?
Vociferando, se voltou na direção do Eice, este de pronto e já devidamente caracterizado, colocou-se numa posição de prontidão, típica dos praticanete de Tai Chi.
Tal postura foi quase que suficiente para pelo menos momentaneamente, refrear o truculento agressor.
Sem saber quem era aquela figura estranha e aquela postura nunca antes vista, pelo menos por ele,
o hiato de tempo produzido criou uma situação de impasse.
Isso foi o suficiente para aquela horda de farrapos humanos entrasse quase que num frenesi, e aos brados infligiram toda sorte de ofensas ao odiado algoz.
Este por sua vez temendo perder o controle "moral" da situação, tenta num impulso, violentamente se arremessar contra o nosso "herói", que habilmente como um "artista marcial", se esquiva.
O bruta-montes desequilibra-se, tenta se recobrar, mas acaba estatelado de cara no chão, o que provocou um considerável ferimento e sangramento no rosto.
Ouve-se risos mesclados a gritos de puro prazer com a cena. A queda acabou funcionamento como um grande estímulo gerador de endorfina para aqueles miseráveis.
Já em pé e tentando recobrar o domínio da situação ele investe novamente.
Antecipando essa ação, como um raio, Eice da um passo para frente em diagonal, na direção do sujeito e projeta a mão vinda de trás, num movimento ascencional e espiralado, transmitindo todo o seu peso para frente, gerando um torque fortíssimo.
O choque foi impressionante quando o "calcanhar" da sua mão explodiu no queixo do traficante, parecendo-se com o impacto daqueles aríetes que se usava na idade média para derrubar os portões das fortalezas...
Aos berros e proferindo uma série infindável de palavrões, cobrava uma dívida, provavelmente por compra de droga, de um rapaz esquálido, que pelo que se entendia não tinha ao menos naquele momento, como pagar.
À medida que gritava, agredia violentamente com socos e chutes o pobre coitado.
O castigo era brutal e acima do "necessário", deixando evidente que aquilo era também, para desestimular futuros mal pagadores.
O rapaz já estava bastante machucado, quando o Eice se deu conta novamente que tudo ao seu redor continuava em preto e branco, sendo que a única cor que contrastava com aquele cenário estranho, era um filete de um vermelho muito vivo de sangue que pingava do nariz e escorria para o lábio superior do infeliz indigente. Com um grito gutural, o Eice tentou intervir pondo fim àquele absurdo espancamento.
A reação de espanto do "mercador da morte", foi visível.
Afinal quem teria a petulância de intervir nos seus domínios e ainda por cima dizer a ele o que fazer?
Vociferando, se voltou na direção do Eice, este de pronto e já devidamente caracterizado, colocou-se numa posição de prontidão, típica dos praticanete de Tai Chi.
Tal postura foi quase que suficiente para pelo menos momentaneamente, refrear o truculento agressor.
Sem saber quem era aquela figura estranha e aquela postura nunca antes vista, pelo menos por ele,
o hiato de tempo produzido criou uma situação de impasse.
Isso foi o suficiente para aquela horda de farrapos humanos entrasse quase que num frenesi, e aos brados infligiram toda sorte de ofensas ao odiado algoz.
Este por sua vez temendo perder o controle "moral" da situação, tenta num impulso, violentamente se arremessar contra o nosso "herói", que habilmente como um "artista marcial", se esquiva.
O bruta-montes desequilibra-se, tenta se recobrar, mas acaba estatelado de cara no chão, o que provocou um considerável ferimento e sangramento no rosto.
Ouve-se risos mesclados a gritos de puro prazer com a cena. A queda acabou funcionamento como um grande estímulo gerador de endorfina para aqueles miseráveis.
Já em pé e tentando recobrar o domínio da situação ele investe novamente.
Antecipando essa ação, como um raio, Eice da um passo para frente em diagonal, na direção do sujeito e projeta a mão vinda de trás, num movimento ascencional e espiralado, transmitindo todo o seu peso para frente, gerando um torque fortíssimo.
O choque foi impressionante quando o "calcanhar" da sua mão explodiu no queixo do traficante, parecendo-se com o impacto daqueles aríetes que se usava na idade média para derrubar os portões das fortalezas...
sexta-feira, 9 de janeiro de 2015
...Constatando a frugalidade do cardápio, afastou-se dali e poucas quadras depois entrou num mercadinho onde comprou duas dezenas de pãezinhos e uns cinco quilos de linguiça.
Mais animado com o próprio gesto e confiante, retornou para a "tão atraente fogueira".
Timidamente apresentou-se a todos e entregou os pacotes com as suas compras.
A recepção como era de se esperar, se deu com uma certa reserva, mas diante do "reforço alimentar de última hora", o gelo foi quebrado.
Todos se apresentaram e em poucos minutos conversavam animadamente como velhos camaradas. Foi aí que ele se deu conta que estava com frio e o calor era extremamente aconchegante e bem vindo.
Durante a conversa viu semblantes sofridos, pessoas precocemente envelhecidas, fisionomias alteradas pelo consumo excessivo de bebidas e drogas.
Conhecer mais profundamente essas pessoas, descobrir as suas histórias de vida, quem eram e como tinham chegado àquela condição tão miserável, despertava nele um profundo interesse.
Ali mesmo tinha tomado uma decisão, a de que voltaria para conhecer detalhadamente essas pessoas que ele chamou de "o estranho povo das calçadas".
Pouco tempo depois, sentia-se o aroma convidativo da linguiça mesclado ao de aguardente que aliás, ele fora obrigado a ingerir como parte de um ritual de iniciação e aceitação.
Era visível a satisfação com que comiam aquele repasto. Mesmo assim, apesar da descontração de todos, sentiu, mesmo que sutilmente, um toque de ansiedade em todos. Aquilo o incomodou e esse desconforto o deixou em prontidão.
De repente, ouviu-se um grito lacinante cortando o ar como se fosse um feixe de laser e todos ficaram alteradíssimos. Era como se um tratamento de choque que todos conheciam muito bem, tinha se iniciado para desespero dos presentes.
" É ele, o Mercador da Morte. Ele veio cobrar a dívida!!!"
Um processo de catarse teve início e todos ao mesmo tempo falando conseguiram fazer ele entender com muita dificuldade, o que estava acontecendo.
Levantou-se rapidamente, achou um local meio afastado, discreto e pouco tempo depois, já estava caracterizado.
Dirigiu-se para o local do conflito. No caminho sentiu uma forte descarga de adrenalina que chegou a lhe provocar uma certa náusea, mas o que mais lhe chamou a atenção, foi uma coisa muito estranha.
Tudo ao seu redor perdeu a coloração. Isso mesmo! Tudo estava em preto e branco.
Sem tempo para entender o que estava acontecendo, correu para o palco da sua primeira e inesquecível aventura...
Mais animado com o próprio gesto e confiante, retornou para a "tão atraente fogueira".
Timidamente apresentou-se a todos e entregou os pacotes com as suas compras.
A recepção como era de se esperar, se deu com uma certa reserva, mas diante do "reforço alimentar de última hora", o gelo foi quebrado.
Todos se apresentaram e em poucos minutos conversavam animadamente como velhos camaradas. Foi aí que ele se deu conta que estava com frio e o calor era extremamente aconchegante e bem vindo.
Durante a conversa viu semblantes sofridos, pessoas precocemente envelhecidas, fisionomias alteradas pelo consumo excessivo de bebidas e drogas.
Conhecer mais profundamente essas pessoas, descobrir as suas histórias de vida, quem eram e como tinham chegado àquela condição tão miserável, despertava nele um profundo interesse.
Ali mesmo tinha tomado uma decisão, a de que voltaria para conhecer detalhadamente essas pessoas que ele chamou de "o estranho povo das calçadas".
Pouco tempo depois, sentia-se o aroma convidativo da linguiça mesclado ao de aguardente que aliás, ele fora obrigado a ingerir como parte de um ritual de iniciação e aceitação.
Era visível a satisfação com que comiam aquele repasto. Mesmo assim, apesar da descontração de todos, sentiu, mesmo que sutilmente, um toque de ansiedade em todos. Aquilo o incomodou e esse desconforto o deixou em prontidão.
De repente, ouviu-se um grito lacinante cortando o ar como se fosse um feixe de laser e todos ficaram alteradíssimos. Era como se um tratamento de choque que todos conheciam muito bem, tinha se iniciado para desespero dos presentes.
" É ele, o Mercador da Morte. Ele veio cobrar a dívida!!!"
Um processo de catarse teve início e todos ao mesmo tempo falando conseguiram fazer ele entender com muita dificuldade, o que estava acontecendo.
Levantou-se rapidamente, achou um local meio afastado, discreto e pouco tempo depois, já estava caracterizado.
Dirigiu-se para o local do conflito. No caminho sentiu uma forte descarga de adrenalina que chegou a lhe provocar uma certa náusea, mas o que mais lhe chamou a atenção, foi uma coisa muito estranha.
Tudo ao seu redor perdeu a coloração. Isso mesmo! Tudo estava em preto e branco.
Sem tempo para entender o que estava acontecendo, correu para o palco da sua primeira e inesquecível aventura...
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